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Apesar da “incerteza comercial”, Mario Draghi confia na economia europeia

Draghi esclareceu que o BCE não realizou nenhum estudo de impacto das medidas protecionistas, mas alertou que “uma guerra comercial poderia criar um ambiente global completamente diferente”.
26 Julho 2018, 14h56

A guerra comercial é uma preocupação para o Banco Central Europeu (BCE), mas não compromete a confiança no crescimento económico da zona euro. Em conferência de imprensa, após a reunião de política monetária da instituição, o presidente, Mario Draghi, reforçou o discurso de que a expansão da economia é robusta.

“Apesar das incertezas, notavelmente relacionadas com o ambiente no comércio global, continuam proeminentes, a informação disponível desde a nossa última reunião de política monetária indica que a economia da zona euro está num caminho de crescimento sólido e abrangente”, afirmou Draghi.

No primeiro trimestre do ano, o crescimento do produto interno bruto (PIB) da zona euro foi de 0,4%, abaixo dos 0,7% nos três trimestres anterior. Segundo Draghi, a desaceleração deveu-se aos elevados níveis anteriores e a um “ímpeto do comércio externo relativamente menos robusto”.

No entanto, Draghi acredita que a desaceleração não é preocupante. “A força subjacente da economia confirma que a convergência sustentada para o nosso objetivo de inflação irá continuar no futuro e será sustentada mesmo depois de uma redução gradual das compras de ativos”, afirmou.

Política monetária irá continuar acomodatícia por muito tempo

Tal como tinha anunciado em junho, o BCE mantém o plano de continuar a compra de ativos ao ritmo atual de 30 mil milhões de euros por mês, até setembro.  No último trimestre do ano, irá continuar com metade do volume mensal, ou seja, 15 mil milhões de euros.

“O Conselho de Governadores antecipa que, após setembro de 2018, e sujeito a dados que confirmem o outlook de médio prazo da inflação, o ritmo mensal de compra líquida de ativos seja reduzido para 15 mil milhões de euros até ao final de dezembro de 2018″, tinha já explicado a instituição liderada por Mario Draghi, em comunicado, antes da conferência de imprensa.

“As compras líquidas irão nessa altura acabar”, sublinhou o BCE. No entanto, tal como já tinha anunciado, reafirma que “tenciona manter uma política de reinvestimentos”. Acrescentou ainda que a política monetária da zona euro continuará acomodatícia enquanto for necessário para manter condições favoráveis de liquidez.

Já as taxas de juro de referência, mantêm-se em mínimos históricos, com a taxa de juro diretora na zona euro nos 0%. A taxa aplicável à facilidade de depósito permanece nos -0,40% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez fica em 0,25%. Os níveis vão manter-se “ao longo do verão de 2019”, pelo menos, mas tudo depende dos dados económicos.

Guerra comercial compromete clima empresarial e investimento

Draghi esclareceu que o BCE não realizou nenhum estudo de impacto das medidas protecionistas, já que consideram necessário perceber quais as medidas exatas a serem implementadas. No entanto, “uma guerra comercial poderia criar um ambiente global completamente diferente e ter efeitos indiretos no sentimento, especialmente no clima empresarial e investimento”.

As declarações de Mario Draghi foram feitas no dia seguinte a os Estados Unidos e a União Europeia (UE) terem dados importantes passos no sentido de diminuir as tensões comerciais, quando se temia o contrário.

Esta quarta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reuniram-se na Casa Branca. A UE ofereceu concessões aos EUA para impedir a escalada de guerra comercial, tendo os dois blocos anunciado um grupo de trabalho conjunto para trabalhar na implementação de um acordo que estabeleça uma relação comercial livre de taxas alfandegárias, barreiras ou subsídios no setor industrial.

“Este foi um grande dia para o comércio livre”, afirmou Juncker. Trump acrescentou que os EUA também estão pretendem reduzir a regulamentação que limita o acesso aos mercados uns dos outros, reformar a Organização Mundial do Comércio e “limitar práticas de mercado injustas”.

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