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Bancos portugueses reduziram os NPL em 20% no ano passado

Os bancos portugueses fizeram um esforço significativo para reduzir o malparado, cortar custos e melhorar a rendibilidade, mas ainda têm um longo caminho pela frente, refere o Banco de Portugal no Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado.
6 Junho 2018, 13h04

O Banco de Portugal (BdP) destaca que a banca nacional tem feito um esforço significativo para a redução do volume de crédito malparado (NPL, acrónimo de  Non Performing Loans), com uma diminuição de 9 mil milhões de euros durante o ano de 2017, para um total de 37 mil milhões de euros. Esta redução teve lugar com o abate de empréstimos ao ativo, a venda de carteiras de NPL a investidores especializados e a recuperação de alguns desses créditos, graças à melhoria da conjuntura económica e ao bom momento do mercado imobiliário.

O rácio de NPL da banca portuguesa passou assim de 17,5% em dezembro de 2015 para 13,3% no final do ano passado, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira.

O Banco de Portugal destaca o “elevado volume de empréstimos abatidos ao ativo, as vendas de NPL e a saída de empréstimos da categoria de NPL”, estimando que “estes três factores tenham contribuído em cerca de três quartos para a diminuição observada no rácio de NPL”.

Empresas não-financeiras são responsáveis por dois terços do total de NPL

Do total de NPL registado a 31 de dezembro de 2017, 14 mil milhões de euros dizem respeito a créditos considerados de pagamento pouco provável [unlikely to pay], enquanto os restantes 22 mil milhões são créditos vencidos.

A maior parte dos NPL nos balanços dos bancos portugueses são empréstimos concedidos a sociedades não financeiras, num total de 24 mil milhões de euros, com os particulares a representarem os restantes 9,8 mil milhões de euros. O crédito à habitação representa a maior parte dos NPL relacionados com particulares, com um total de 6,2 mil milhões de euros.

O supervisor salienta que tiveram lugar progressos “muito relevantes” a nível da capitalização dos principais bancos, com os reforços de capital na CGD, BCP, BPI e Montepio. Por outro lado, a eficiência do setor melhorou, com o rácio cost to income (ajustado de eventos especiais) a aproximar-se dos valores médios da zona euro, devido ao esforço que tem sido feito a nível de redução de custos.

“No entanto, tendo em vinda a reduzir as vulnerabilidades do setor, é fundamental que os bancos continuem a cumprir os planos de redução de ativos não produtivos submetidos às autoridades de supervisão, bem como que complementem o ajustamento das suas estruturas de custos”, acrescentou o BdP, salientando que a “rendibilidade, se bem que em recuperação, mantém-se baixa”, sobretudo devido às imparidades para crédito malparado. A necessidade de continuar a aumentar o nível de cobertura dos NPL, de forma a promover a sua redução, deverá pressionar a rendibilidade nos próximos anos, destaca o BdP.

O BdP identifica ainda outras vulnerabilidades do setor financeiro nacional, como a concentração de exposições a algumas classes de ativos, como a dívida pública e o mercado imobiliário. O supervisor considera que o setor bancário português é “particularmente sensível a evoluções desfavoráveis nos preços destes ativos”.

(Notícia atualizada às 13:27 com informação adicional)

 

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