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Benfica vence campeonato acionista entre os ‘três grandes’

A SAD do clube das ‘águias’ duplicou a capitalização de mercado desde o início do ano, longe da valorização de 5% dos ‘azuis e brancos’. A instabilidade em Alvalade penaliza as ações, que ainda assim continuam no ‘verde’.
  • Football Soccer – Benfica v Besiktas – Champions League – Luz stadium, Lisbon, Portugal – 13/9/16. Benfica’s Franco Cervi celebrates after scoring a goal. REUTERS/Pedro Nunes EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE.
5 Setembro 2018, 07h43

Aos adeptos dos clubes desportivos importam as vitórias em campo, enquanto os investidores estão mais interessados em questões como ganhos financeiros ou estabilidade na política de gestão. Por isso, os ‘três grandes’ clubes portugueses contrariaram a performance desportiva e em bolsa. O Sport Lisboa e Benfica (SLB) é o grande vencedor do campeonato acionista, enquanto o Sporting Clube de Portugal (SCP) tem sido penalizado pelos problemas da direção.

“Desde que o Benfica iniciou a qualificação para a Champions League deste ano, as acções começaram a subir desde os 1,66 euros até se confirmar a entrada no principal escalão do futebol Europeu  – a qual originará um encaixe direto de 43 milhões euros nos cofres do clube da Luz – provocando uma subida repentina de 25% em apenas uma semana ao atingir os 2,74 euros”, explicou Bruno Janeiro, analista da empresa Ativotrade, ao Jornal Económico.

Os títulos dispararam para máximos dos últimos quatro anos, sendo que a última vez que este valor tinha sido alcançado ocorreu no ano em que o clube ‘encarnado’ ganhou todas as competições internas, perdendo apenas a final da Europa League contra o Sevilha.

Futuro do Benfica em bolsa depende do jogo em campo

O clube acumula atualmente uma capitalização bolsista de 51,1 milhões de euros, mais 93% que no início do ano e as ações fecharam esta terça-feira nos 2,22 euros. Em 2018, o volume total de transacções foi 780.600 ações, ou seja 1,321 milhões de euros.

A duplicação do valor em bolsa aconteceu num ano em que o Sport Lisboa e Benfica começou a época a vencer o único título da temporada ao derrotar o Vitória de Guimarães na Supertaça Cândido de Oliveira.

No campeonato a equipa de Rui Vitória conseguiu na última jornada garantir o segundo lugar, e desse modo o acesso à Liga dos Campeões, prova onde na época transacta acabaram no último lugar do grupo, sem somar qualquer ponto e marcando apenas um golo. Na Taça da Liga, as ‘águias’ também ficaram pela fase de grupos, enquanto na Taça de Portugal acabaram por ser eliminados pelo Rio Ave nos oitavos-de-final, após prolongamento.

“Em termos técnicos, a tendência de longo prazo mantém-se descendente sendo que atualmente tocámos uma zona de resistência (ou seja, uma zona onde existe mais pressão vendedora e cuja probabilidade será que o preço corrija), podendo originar uma correção no médio prazo até ao 1,75 euros. No entanto, tudo dependerá do desempenho da equipa nas competições europeias”, referiu o analista do Activotrade.

Baixa liquidez tira interesse ao campeão nacional

O Futebol Clube do Porto conquistou, na última época, o 28º título de campeão nacional de futebol, quebrando um jejum de cinco anos e interrompendo uma série de quatro campeonatos consecutivos ganhos pelo SLB.

Nas competições europeias, a equipa de Sérgio Conceição foi eliminada pelo Liverpool nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, tendo sido eliminada pelo Sporting, quer nas meias-finais da Taça de Portugal, bem como na Taça da Liga, em ambas as ocasiões no desempate por grandes penalidades.

O campeão nacional não conseguiu, no entanto, derrotar o SLB em bolsa e a explicação está na liquidez. “O comportamento em bolsa das acções do Futebol Clube do Porto é quase idêntica com o comportamento das ações do Sporting Clube de Portugal. A fraca liquidez existente para negociar ações destes dois clubes leva a que muitos investidores não tenham interesse em especular com estes títulos”, afirmou Janeiro.

Ao contrário do que ocorre com a negociação das ações do Benfica, que são transacionadas em mercado contínuo na Euronext Lisboa (entre as 8h e as 16h30), os títulos do Sporting e do Porto negoceiam por chamada, o que significa que só há dois momentos do dia (às 10h30 e às 15h30) em que as ordens de compra e as ordens de venda são correspondidas.

 O clube detém atualmente uma capitalização bolsista de 15,5 milhões de euros. As ações, que fecharam terça-feira nos 0,69 euros, valorizaram 4,55% desde início do ano, enquanto o volume total de transações foi de apenas 258.300 ações ou 170 mil euros.

Época atribulada leva Sporting ao fim da lista

O Sporting Clube de Portugal viveu uma das mais atribuladas época da sua história e ficam em último no campeonato da bolsa. Com uma capitalização de mercado de 46,6 milhões de euros e cada ação a valer 0,70 euros, acumulam um ganho de apenas 3,75% este ano.

“As ações do Sporting têm estado em lateralidade nos últimos três anos entre os 0,90 euros e os 0,60 euros. O pouco volume de transacções faz com que os títulos do Sporting estejam em lateralidade no longo prazo”, referiu Bruno Janeiro. O volume total de transações ascendeu a 287.500, equivalentes a 215 mil euros.

Na última temporada, os ‘leões’ conquistaram a Taça da Liga ao derrotarem o Vitória de Setúbal na final, nas grandes penalidades, mas no campeonato perderam a entrada na Liga dos Campeões para o Benfica na última ronda. Na Liga Europa a equipa então orientada por Jorge Jesus foi eliminada nos quartos-de-final pelo Atlético Madrid, num jogo que viria a ser o epílogo do caos que se viveu em Alvalade a partir desse momento, que culminou no ataque a academia de Alcochete, com a agressão a jogadores do plantel.

No seguimento desse cenário, o Sporting perderia a final da Taça de Portugal, frente ao Desportivo das Aves e o verão viria a trazer a destituição de Bruno de Carvalho, da presidência do clube, bem como a rescisão de alguns jogadores e a saída de Jorge Jesus do comando da equipa.

“Após o resultado das eleições do próximo sábado é possível que vejamos um aumento de volatilidade na cotação das acções do clube, não se prevendo no entanto que saia do intervalo de preços onde tem estado a negociar nos últimos anos”, acrescentou.

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