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CEO do Deutsche Bank recebe aumento salarial de 46% e críticas multiplicam-se

Sindicatos e deputados na Alemanha insurgem-se contra os valores. O banco perdeu 8,2 mil milhões de euros na última década. O lucro líquido em 2020 atribuível aos acionistas foi de 113 milhões de euros, após uma perda de 5,7 mil milhões de euros no ano anterior.
12 Março 2021, 13h33

O CEO do Deutsche Bank, Christian Sewing, recebeu, em salários, 7,4 milhões de euros em 2020, o que representa um aumento de 46% face a 2019. A informação é confirmada através do relatório anual do banco, consultado pela “Reuters”, e está a potenciar várias críticas do público alemão.

A divulgação do relatório anual do banco aconteceu esta sexta-feira, dia 12 de março, depois de o Deutsche Bank ter dito que a receita seria “marginalmente menor” em 2020. O sindicato Verdi classificou os pagamentos como “grosseiramente desproporcionais”. “Não se compreende que o Deutsche Bank, que também beneficiou indiretamente dos resgates, esteja a tirar partido da pandemia”, disse Fabio De Masi, membro do parlamento alemão, num comunicado enviado à “Reuters”.

O banco perdeu 8,2 mil milhões de euros na última década. O lucro líquido em 2020 atribuível aos acionistas foi de 113 milhões de euros, após uma perda de 5,7 mil milhões de euros no ano anterior, à medida que o aumento nos ganhos do banco de investimento compensam a fragilidade noutros negócios.

“Em 2020, avançamos muito com a nossa transformação para um banco com rentabilidade sustentável e fomos ainda mais relevantes para os nossos clientes”, disse Sewing em comunicado.

O aumento do chamado “bónus” para todos os colaboradores do banco, no valor de 1,9 mil milhões de euros, é muito semelhante ao de 2018. O Deutsche Bank distribuiu bónus numa altura em que alguns funcionários fazem greve a exigirem salários mais altos. Alguns desses trabalhadores ganham apenas 12 euros por hora, de acordo com dirigentes sindicais alemães.

Jan Duscheck, que supervisiona o sector bancário no sindicato Verdi, disse que não fazia sentido que “quem recebe os maiores salários, receba também os maiores aumentos”, enquanto os que estão na base da escala salarial ganhem “quase nada”. “Essa política de remuneração cria uma imagem extremamente má do banco e deve ser corrigida com urgência”, disse Duscheck num enviado à “Reuters”.

O salário de Sewing coloca-o entre os CEO de bancos europeus mais bem pagos este ano, segundo os dados divulgados até agora. No Barclays, o CEO, Jes Staley, recebeu 4 milhões de libras (4,6 milhões de euros), abaixo dos 5,9 milhões de libras (6,8 milhões de euros) do ano anterior.

Executivos de alguns outros bancos também concordaram em renunciar ao montante numa demonstração de apoio às pessoas mais afetadas pela pandemia. A presidente executiva do Santander, Ana Botin, e o presidente-executivo, Jose Antonio Alvarez, tiveram a sua remuneração total reduzida em 50% em 2020. O presidente-executivo cessante do UniCredit, Jean-Pierre Mustier, desistiu da sua remuneração variável em 2020 e abdicou de 75% do seu salário.

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