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Cinco reuniões em dois dias: bancos centrais preparam 2018

Os responsáveis de política monetária da zona euro, do Reino Unido, dos Estados Unidos, da Noruega e da Suíça têm reuniões entre quarta e quinta-feira. Com desafios diferenças para o próximo ano, cada um tomará as últimas decisões de 2017.
  • Ralph Orlowski/Reuters
14 Dezembro 2017, 07h30

A duas semanas do final do ano, cinco dos principais bancos centrais do mundo lançam as últimas cartas e começam a preparar a política monetária do próximo ano. Numa altura de inversão generalizada, com bancos centrais de várias regiões do mundo a adotarem posturas menos expansionistas e a começarem a virar-se para subidas nas taxas de juro, o foco está nos Estados Unidos.

  • Reserva Federal norte-americana (Fed):

A Fed foi a primeira instituição, tendo anunciado esta quarta-feira a terceira subida dos federal fund rates este ano (quinto desde 2015). O ano termina com os juros de referência num intervalo entre 1,25 e 1,5%, uma decisão justificado pelas condições do mercado de trabalho e pela inflação e que era amplamente esperada. O foco foi, por isso, o futuro: a Fed espera que os juros estejam nos 2,1%, no final do próximo ano, 2,5% em 2019 e 3,1% no final de 2020.

A instituição vai continuar a aumentar gradualmente os juros de referência e a presidente demissionária Janet Yellen garantiu que os cortes nos impostos no país apresentados por Donald Trump não vão ser um fator determinante nas decisões. Segundo a economista, a política fiscal é apenas uma das variáveis usadas para ajustar a política monetária e que as mudanças que vão ter efeito no país já foram sendo incorporadas ao longo do ano.

  • Banco Central Europeu (BCE):

“A reunião desta semana do BCE, bem como a conferência de imprensa que se segue, deve ser curta. O BCE já disse e fez tudo o que queria este ano: introduzindo gradualmente um tapering dovish“, explicam os analistas do ING. “Por isso, a reunião vai, na nossa opinião, trazer muito olhar para o passado e auto-congratulação, mas não nos devemos deixar assoberbar pela harmonia natalícia, 2018 deverá trazer novas tensões internas no BCE”.

Em janeiro, a instituição responsável pela política monetária da zona euro vai reduzir o volume do programa de compra de ativos para 30 mil milhões de euros mensais, ou seja, metade do valor atual. No entanto, o ponto principal desta quinta-feira serão as projeções económicas. O presidente Mario Draghi vai apresentar as projeções do BCE para o crescimento e inflação da zona euro até 2019, que vão influenciar o caminho da política monetária da zona euro nos próximos anos.

  • Banco de Inglaterra (BoE):

O banco central liderado por Mark Carney subiu as taxas de juro para 0,5% no mês passado. Este foi o primeiro aumento desde 2007, o que explica que o mercado não espere novas mudanças tão rapidamente. No entanto, os desafios do processo do Brexit, que parece cada vez mais próximo, e a divulgação de dados económicos esta quinta-feira pode trocar as voltas ao BoE.

A inflação acelerou, em novembro, 3,1%, tendo ficado acima do esperado e bastante longe da meta de 2% do banco central. “A reunião do BoE será possivelmente crucial para perceber se Carney pode tomar uma posição mais hawkish em relação aos riscos inflacionistas caso a libra esterlina caia ainda mais”, referiu o estrategista do Saxo Bank, John Hardy, à agência Reuters.

  • Banco Central da Noruega:

A Noruega tem mantido os juros de referência em mínimos históricos (0,5%) e deverá continuar assim, segundo o consenso entre os 27 economistas consultados pela agência Bloomberg. A expetativa é que o governador Oystein Olsen comece a dar pistas de mudanças, apesar de este ter referido em setembro que há apenas uma pequena probabilidade de subir as taxas no final de 2018 e que o mais provável será que a Noruega só veja aumentos no verão do ano seguinte.

“O Banco Central da Noruega vai assumir uma coroa fraca por mais tempo”, disse o economista senior da DNB ASA, Kyrre Aamdal, que espera que a primeira subida aconteça até junho de 2019. Erik Bruce, economista da Nordea acrescentou que a grande questão é “quanto peso é que o Banco Central da Noruega vai querer dar em manter a coroa fraca e o desemprego baixo e, consequentemente, de que forma vai elevar as perspetivas das taxas de juro”.

  • Banco Nacional da Suíça (BNS):

A maior preocupação dos responsáveis de política monetária na Suíça é a subida do franco suíço face ao euro. No entanto, desde setembro que o banco BNS passou a definir a tendência como a uma moeda do país estar “fortemente valorizada”, depois de meses a considerar que estar “significativamente sobrevalorizada”. Numa nota de research, os analistas do Commerzbank afirmaram não esperar mudanças já que o banco central está mais tranquilo numa altura em que a paridade está estacionada nos 1,16 marcos.

“Apesar da melhoria no crescimento e outlook de inflação, o BNS não vai mudar a política monetária. Vai continuar a monitorizar o EUR-CHF [a paridade euro-franco suíço] e a esperar que o EUR-CHF continue a subir. Apenas vai intervir ativamente no mercado cambial se houve um choque de valorização do franco suíço”, refere a nota do Commerzbank. Segundo os analistas, com o BCE a manter uma política expansionista, o BNS não vai querer tornar o franco suíço ainda mais apelativo.

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