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CIP manifestou “apreensão” pelo futuro próximo a Marcelo Rebelo de Sousa

Segundo o responsável da confederação empresarial, “estando a economia a passar por esta enorme crise e todos os setores, sem exceção, com reduções significativas das suas atividades (…), há que acautelar o futuro, preservar o mais possível os postos de trabalho”.
  • Cristina Bernardo
29 Julho 2020, 18h50

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal manifestou hoje “apreensão” relativamente ao futuro, na reunião com o Presidente da República em Belém, disse aos jornalistas o seu presidente, António Saraiva.

“Transmitimos ao senhor Presidente da República a nossa apreensão pelo próximo futuro. A economia portuguesa está a viver, como sabemos, um momento extraordinário, como o mundo o está a viver. São necessárias respostas igualmente extraordinárias”, disse aos jornalistas António Saraiva, após reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa.

Segundo o responsável da confederação empresarial, “estando a economia a passar por esta enorme crise e todos os setores, sem exceção, com reduções significativas das suas atividades (…), há que acautelar o futuro, preservar o mais possível os postos de trabalho”.

O presidente da CIP defendeu que o regime de ‘lay-off’ simplificado, que será substituído por uma nova medida de apoio à retoma de atividade a partir de agosto, “visava precisamente” o objetivo de preservação do emprego.

“Não quis o Governo estendê-lo até final do ano, como era nosso objetivo, e por isso se retirará daí as inevitáveis consequências que possam daí advir”, alertou António Saraiva, rejeitando dizer que mesmo com a manutenção desse regime “o desemprego não iria aumentar”.

O representante dos patrões apelou à tomada de “medidas para minorar esse mesmo desemprego”, dando “condições às empresas para que elas, que por modo próprio terão que salvar os seus negócios, [possam] gizar iniciativas para transformar os seus modelos de negócio, terão, como muitas que estão a fazer, reinventar-se”, quer para o mercado interno, quer para exportação.

“Esse caminho está a ser feito pelas empresas, e esse ninguém pode fazê-lo a não ser as próprias empresas. Mas as empresas precisam de ajuda, de ter algum tempo para ultrapassem esta dificuldade e fazerem novos caminhos”, sustentou o presidente da CIP.

Segundo António Saraiva, os setores mais expostos são o turismo e a restauração, mas “seguir-se-ão outros” porque as encomendas “neste momento esgotam-se em setembro” em setores como como o têxtil, calçado, metalomecânica e indústria automóvel, e não acautelam a situação das empresas até ao final do ano, como aconteceria em situações normais, o que poderá causar desemprego.

O responsável assinalou que “aquelas [empresas] que não conseguindo reinventar-se, alterar modelos de negócio” poderão desaparecer, “porque os modelos de negócio ficaram obsoletos”, já que “a pandemia veio exponenciar aquilo que, de alguma maneira, já eram fragilidades empresariais que se verificavam”.

Assim, o responsável da confederação patronal voltou a criticar o “ruído” e a “burocracia” do novo modelo de apoio às empresas posterior ao ‘lay-off’ simplificado, “num momento em que a rapidez é um fator determinante para evitar esse desemprego potencial”.

António Saraiva disse também que a CIP vai “continuar a exigir” a manutenção da modelação dos horários e banco de horas individual, no atual contexto de crise e de recurso ao teletrabalho.

O presidente da CIP anunciou ainda que vai apresentar, em setembro, um estudo que demonstra que “a carga fiscal que hoje incide sobre todos os setores de atividade é brutal”, e que irá apresentar propostas nesse âmbito do Orçamento do Estado para 2021.

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