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Dieta vegan para animais de estimação ganha peso no setor da alimentação

O mercado da alimentação animal deverá atingir os 102 mil milhões de euros, em 2025, e a alimentação à base de plantas poderá ser uma contribuinte para este aumento. Em conversa com o JE, o dono da Petolistic antecipa que o crescimento deste setor possa vir a ser “pelo menos o dobro”.
24 Setembro 2019, 07h30

O setor da alimentação animal, que atingiu uma avaliação de cerca de 98,3 mil milhões de dólares (89 mil milhões de euros), em 2018, e deverá atingir os 113,08 mil milhões de dólares (102 mil milhões de euros), em 2025, conforme um novo relatório da Grand View Research, está a ser alvo de uma reviravolta em prol do meio ambiente. E a tendência já chegou a Portugal.

Embora haja menos gatos e cães domesticados do que pessoas no mundo, os animais de estimação consomem cerca de um quinto da carne e peixe do mundo, segundo uma investigação de 2017. Ou seja, tal como os humanos, também os hábitos alimentares animais contribuem para uma maior pegada carbónica, um uso excessivo do uso da terra e da água, a queima de combustíveis fósseis e o uso de pesticidas altamente tóxicos que podem afetar o ambiente natural.

Em conversa com o Jornal Económico, Adão Teixeira argumenta que as vantagens desta nova alimentação “prendem-se com a qualidade”, dado que são produtos naturais e biológicos que vêm combater a alimentação processada e com conservantes. “Este tipo de produtos são comprovadamente melhores e aumentam a qualidade de vida do animal bem como a sua longevidade”, explica.

O dono da Petolistic, uma loja semelhante ao Celeiro mas para animais, defende que para além de ter essa vantagem “são produtos que têm um sourcing mais transparente, no que diz respeito a origem de produtos que são incluídos no processo produtivo”. Ao JE, o Adão Teixeira conta que a aposta no mercado é uma oportunidade que tem crescido tanto aqui, como no resto do mundo “há vários anos”. Atualmente, o mercado da alimentação pet cresce, em média, mais de 6% por ano. Para a alimentação vegan, o dono da Petolistic espera que o crescimento atinja “pelo menos o dobro”.

E este crescimento verifica-se entre os consumidores. Este ano, a Universidade de Guelph divulgou um estudo publicado, no periódico Plos Onefeito, com cerca de 3,6 mil donos de gatos e cachorros de diferentes regiões do mundo que concluiu que 35% têm interesse em adotar uma dieta vegan para seus animais de estimação. Dentro do grupo de pessoas vegans, 27% dos entrevistados afirmaram que já baniram do cardápio do seu animal de estimação o consumo de alimentos de origem animal. No total, cerca de 55% dos donos afirmaram que, até a um certo grau, gostariam de tornar a dieta de seus animais mais saudável.

Quando questionado sobre a reacção dos consumidores face a estes novos produtos, o dono desta nova loja, que abriu, este ano, dois espaços em Lisboa e no Porto, garante que tem sido “fantástica”. “Não apenas pelos produtos,” esclarece “mas porque encontram um lugar que tem apenas produtos que estão alinhados com uma filosofia de vida, a do dono”. Adão Texeira confessa, porém, que ainda existe alguma resistência “mas que está a diminuir de dia para dia” dado que o animal de estimação cada vez mais tem um papel relevante no agregado familiar.

A plataforma Animal Ethics estimou que “vários mil milhões de peixes com um peso total de 2.478.520 toneladas” são mortos todos os anos com o objetivo de preparar alimentos enlatados para os gatos. O peso total dos peixes que são prejudicados para alimentar cães e gatos é, na verdade, maior uma vez que esse número não inclui o alimento enlatado para gatos produzido na China e nem a ração para cães, petiscos ou peixes que são fornecidos diretamente a muitos cães e gatos.

Além dos peixes, os porcos, frangos, vacas, bezerros e outros animais também são mortos para alimentar cães e gatos. “Podemos pensar que isso não está a causar a exploração e a morte desses animais, porque os alimentos para cães e gatos geralmente são feitos com subprodutos da indústria da carne, tal como o resto de carcaças e animais que morrem antes de chegar aos matadouros”, explica a organização. “No entanto, isso é enganoso”.

De acordo com a ONG, a venda destes produtos para alimentar cães e gatos torna a indústria da carne mais rentável, assim como a venda de couro. Isso resulta em mais mortes de animais. Desta forma, o uso de produtos à base de carne para alimentar cães e gatos leva muitos milhões de animais à morte, todos os anos.

 

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