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EDP fecha 5,5% acima do preço da OPA, com o mercado a descontar revisão em alta

“O mercado está a descontar a ideia de que a China Three Gorges pode ter de fazer uma revisão em alta da oferta”, explicou João Lampreia. O ‘head of research’ do BiG considera que se subir muito mais, o valor das ações em bolsa vai tornar-se especulativo.
  • Cristina Bernardo
15 Maio 2018, 17h51

Os títulos da EDP e EDP Renováveis continuam a distanciar-se, em bolsa, do valor oferecido pela China Three Gorges na oferta pública de aquisição (OPA) lançada para adquirir a totalidade do capital das duas empresas portuguesas. Ambas registaram, esta terça-feira, valorizações no PSI 20, ainda que menos expressivas que os disparos da última sessão (a primeira depois do anúncio da OPA).

“O preço das ações da EDP está a apresentar um prémio de 5,5% acima do valor da oferta porque o mercado está a descontar a ideia de que a China Three Gorges pode ter de fazer uma revisão em alta”, explicou João Lampreia, head of research do BiG – Banco de Investimento Global.

As ações da EDP fecharam a valorizar 1,18% para 3,44 euros, enquanto as ações da EDP Renováveis avançaram 0,25% para 8,075 euros. Em ambos ambos os casos, a diferença face à oferta é cada vez maior, tendo na EDP Renováveis chegado aos 10%.

O consórcio chinês (que já é o maior acionista da EDP, com 23,27% do capital social) ofereceu uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação da elétrica, avaliando a empresa em cerca de 11,9 mil milhões de euros. Já pela EDP Renováveis (controlada em 83% pela EDP), a oferta é de 7,33 euros por ação.

A diferença entre o preço oferecido na OPA e o valor em bolsa acentua-se numa altura em que não só vários analistas como a própria empresa defenderam que a oferta é demasiado baixa. Num comunicado enviado à CMVM na noite passada, a EDP referiu considerar que o preço oferecido “não reflecte adequadamente” o valor da elétrica e que o prémio implícito é “baixo” considerando a prática seguida no mercado europeu de utilities.

“O nosso cenário base é que a CTG vai ter de rever em alta o preço, mais até do que haver uma contra-proposta de algum outro player europeu”, afirmou Lampreia. O analista considera que a consolidação do setor energético na Europa já está a ser feito, dando pouca margem a uma outra proposta, que teria de ser feita “à pressa” para responder à ação chinesa.

O processo da OPA não está próximo do fim e o head of research do BiG referiu que o banco de investimento se mantém ‘neutro’ em relação às ações já que “com um prémio de 5,5%, o preço não tem muito espaço para descer, mas se subir muito também se torna especulativo”.

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