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Empresas portuguesas reforçam aposta na inovação

Investimento na inovação pelas empresas portuguesas segue rota de crescimento. Inteligência artificial, robótica e digitalização são áreas em expansão.
6 Janeiro 2019, 20h00

A inovação deixou de ser um conceito abstrato e é cada vez mais uma aposta na gestão das empresas portuguesas, que para vencer procuram reinventar e/ou transformar a oferta. O investimento na inovação e desenvolvimento (I&D) pelas empresas nacionais tem seguido assim uma trajetória ascendente nos últimos anos, que deverá continuar em 2019.

Em declarações ao Jornal Económico, António Bob Santos, administrador da Agência Nacional de Inovação (ANI), antecipa não apenas um aumento do número de empresas com atividades de inovação e de I&D, mas também um aumento do total de investimento empresarial nesses domínios.

“Para tal muito contribuirá a continuação da tendência de investimento de empresas estrangeiras em Portugal nas áreas tecnológicas e de elevado valor acrescentado, dado que Portugal é atualmente um top country para investir na Europa”, refere.
O impacto dos fundos estruturais e dos fundos europeus, como o Horizonte 2020, deverão marcar a área este ano, nomeadamente na inteligência artificial, robótica e digitalização.

“Mais a médio-prazo, mas com desenvolvimentos já em 2019, teremos o espaço e o mar como duas dimensões estratégias para a competitividade do país nos próximos anos”, refere o administrador da ANI.

Entre 2013 e 2017, a despesa em I&D das empresas cresceu de 1.072,9 milhões de euros para 1.3036 milhões, segundo dados do inquérito ao potencial científico e tecnológico de 2017, publicado pelo ministério da Educação e Ciência. Assim, em 2017 representou 0,67% do PIB, que compara com 0,57% do Ensino Superior e 0,07% do Estado.

António Bob Santos explica que a I&D é um componente cada vez mais presente nas suas estratégias de competitividade das empresas nacionais, em detrimento da opção pelos baixos custos.

Alinhamento da estratégia de inovação é fundamental
“Um aspeto importante é que, não só temos cada vez mais empresas a investir em I&D e a inovar, como isso é conseguido cada vez mais através de processos colaborativos, envolvendo entidades de I&D, centros de interface, universidades ou politécnicos”, explica. “E isso é uma tendência que se tem consolidado nos anos mais recentes e que tem sido muito estimulada pelas políticas pública, como por exemplo o Programa Interface, embora ainda longe de serem práticas generalizadas na maior parte das empresas”, acrescenta.

Ainda que a rota seja na direcção da inovação, as empresas nacionais continuam, no entanto, a enfrentar alguns obstáculos.
O administrador da ANI destaca a necessidade de uma maior robustez financeira, de uma melhor qualidade da gestão e alinhamento da estratégia da empresa para a inovação – a partir dos desafios da Indústria 4.0 ou da economia circular -, assim como condições para atrair e ter acesso a profissionais qualificados. Neste sentido, estas permitem “identificar ideias e tecnologias externas que possam aumentar a sua capacidade de inovação”.

Embora reconheça que a inovação tem uma componente de risco “elevado”, à qual acrescem os custos associados, o administrador da ANI defende a colaboração das empresas com outras empresas e entidades.

“A inovação resulta cada vez mais das dinâmicas colaborativas e da partilha de ideias”, salienta ao defender a importância de ultrapassar o receio de cooperar com outras entidades e de partilhar o conhecimento. “Ter uma estratégia ativa para valorizar o conhecimento gerado pela empresa. Não interessa apenas proteger o conhecimento através de patentes e marcas, mas também conseguir que seja valorizado no mercado de trabalho e utilizado por outras entidades”, acrescenta e aponta como exemplo o licenciamento de propriedade intelectual ou a criação de spin-offs.

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