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Ex-presidente do Banco Mundial acusada de falsear dados a favor da China

Kristalina Georgieva, agora diretora do FMI e ex-vice-presidente da Comissão Europeia, é acusada de ter insistido com a equipa do ranking ‘Doing Bisiness’ para não descer a China do lugar que ocupava no relatório do ano anterior.
16 Setembro 2021, 18h10

Uma investigação conduzida pelo escritório de advocacia Wilmerhale concluiu que os líderes do Banco Mundial aplicaram “pressão indevida” para garantir mudanças destinadas a melhorar a classificação da China no ‘Doing Business 2018’. A investigação cita “pressão direta e indireta” de quadros superiores do gabinete do então presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, para mudar a metodologia do relatório no sentido de aumentar a pontuação da China.

O nome mais sonante eventualmente envolvido é o da então CEO do banco, Kristalina Georgieva, agora diretora do Fundo Monetário Internacional, que teria cedido às posições de Pequim porque o Banco Mundial procurava apoio da China para realizar um grande aumento de capital.

Para além de CEO do Grupo do Banco Mundial de 2017 a 2019, Georgieva foi presidente do Banco Mundial de 1 de fevereiro de 2019 a 8 de abril de 2019 após a renúncia de Jim Yong Kim. Antes disso, foi vice-presidente da Comissão Europeia (de 2014 a 2016) quando o luxemburguês Jean-Claude Juncker chefiava a equipa. Em comunicado, a búlgara rejeitou as conclusões da investigação e disse que reuniu com o conselho executivo do FMI para discutir o assunto. De facto, Kristalina Georgieva foi chamada esta quinta-feira ao FMI para explicar o que sucedeu.

A posição da China no referido relatório de 2018, divulgado em outubro de 2017, deveria ter sido sete posições mais baixa – em 85º lugar em vez de permanecer em 78º, como acabou por acontecer.

“As mudanças nos dados da China no ‘Doing Business 2018’ parecem ser o produto de dois tipos distintos de pressão aplicada pela liderança do banco à equipe que faz esse relatório”, disse o Banco Mundial em comunicado esta quinta-feira. O banco citou Georgieva e mais um conselheiro do banco por exercerem “pressão” para “fazer mudanças específicas nos pontos dados à China, num esforço para aumentar o seu ranking precisamente ao mesmo tempo em que o país deveria desempenhar um papel fundamental na campanha de aumento de capital do banco”.

“Discordo fundamentalmente das conclusões e interpretações da Investigação de Irregularidades de Dados no que diz respeito ao meu papel no relatório ‘Doing Business’ do Banco Mundial de 2018”, disse Georgieva em comunicado.

A integridade dos rankings ‘Doing Business’ tem sido fonte de um debate cerrado nos últimos anos. Paul Romer deixou em 2018 o cargo de economista-chefe do Banco Mundial após questionar alterações verificadas em relação ao Chile. A questão da China não é, portanto, uma novidade – e os críticos deste tipo de rankings, que não são poucos, tnderão por certo a aumentar.

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