Uma investigação conduzida pelo escritório de advocacia Wilmerhale concluiu que os líderes do Banco Mundial aplicaram “pressão indevida” para garantir mudanças destinadas a melhorar a classificação da China no ‘Doing Business 2018’. A investigação cita “pressão direta e indireta” de quadros superiores do gabinete do então presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, para mudar a metodologia do relatório no sentido de aumentar a pontuação da China.
O nome mais sonante eventualmente envolvido é o da então CEO do banco, Kristalina Georgieva, agora diretora do Fundo Monetário Internacional, que teria cedido às posições de Pequim porque o Banco Mundial procurava apoio da China para realizar um grande aumento de capital.
Para além de CEO do Grupo do Banco Mundial de 2017 a 2019, Georgieva foi presidente do Banco Mundial de 1 de fevereiro de 2019 a 8 de abril de 2019 após a renúncia de Jim Yong Kim. Antes disso, foi vice-presidente da Comissão Europeia (de 2014 a 2016) quando o luxemburguês Jean-Claude Juncker chefiava a equipa. Em comunicado, a búlgara rejeitou as conclusões da investigação e disse que reuniu com o conselho executivo do FMI para discutir o assunto. De facto, Kristalina Georgieva foi chamada esta quinta-feira ao FMI para explicar o que sucedeu.
A posição da China no referido relatório de 2018, divulgado em outubro de 2017, deveria ter sido sete posições mais baixa – em 85º lugar em vez de permanecer em 78º, como acabou por acontecer.
“As mudanças nos dados da China no ‘Doing Business 2018’ parecem ser o produto de dois tipos distintos de pressão aplicada pela liderança do banco à equipe que faz esse relatório”, disse o Banco Mundial em comunicado esta quinta-feira. O banco citou Georgieva e mais um conselheiro do banco por exercerem “pressão” para “fazer mudanças específicas nos pontos dados à China, num esforço para aumentar o seu ranking precisamente ao mesmo tempo em que o país deveria desempenhar um papel fundamental na campanha de aumento de capital do banco”.
“Discordo fundamentalmente das conclusões e interpretações da Investigação de Irregularidades de Dados no que diz respeito ao meu papel no relatório ‘Doing Business’ do Banco Mundial de 2018”, disse Georgieva em comunicado.
A integridade dos rankings ‘Doing Business’ tem sido fonte de um debate cerrado nos últimos anos. Paul Romer deixou em 2018 o cargo de economista-chefe do Banco Mundial após questionar alterações verificadas em relação ao Chile. A questão da China não é, portanto, uma novidade – e os críticos deste tipo de rankings, que não são poucos, tnderão por certo a aumentar.
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