[weglot_switcher]

Finerge atenta a oportunidades em Portugal

Além de Portugal, a produtora de energia renovável também está atenta a Espanha e a França. A empresa liderada por Pedro Norton defende a continuação da estabilidade regulatória no setor elétrico nacional.
7 Julho 2019, 14h00

Depois de mais de mil milhões de euros aplicados nas eólicas, a Finerge – fundada em 1996 no setor da cogeração elétrica e sendo atualmente uma das empresas líderes no setor da produção de energia eólica no país – vai agora dar lugar à aposta na energia solar, disse o seu CEO, Pedro Norton.

“O crescimento em termos de energias renováveis em Portugal nos próximos anos vai fazer-se sobretudo no solar, é a área onde em Portugal vamos crescer mais”, declarou Pedro Norton, para confirmar que a empresa estará nos leilões que o Governo se prepara para lançar no próximo mês.

Pedro Norton disse que no primeiro leilão do solar, previsto para o início de julho, a empresa não irá “entrar com muitos projetos”, até porque “a decisão é relativamente recente”, mas seguramente é um segmento em que o crescimento da empresa, dada a sua pequena escala neste segmento particular, deverá ser mais rápido.

Mas o crescimento orgânico não é o único que está no horizonte da Finerge, detida pelo fundo australiano First State Investments e tendo Nuno Ribeiro da Silva, desde sempre ligado à espanhola Endesa, como chairman. Depois de, já este ano, ter adquirido os parques eólicos de Vila Franca de Xira e de Baião à Martifer e à SPEE, que os detinham em partes iguais, a Finerge está interessada em continuar a crescer por via das aquisições.

Na altura da compra daqueles dois complexos eólicos – com o preço de venda a atingir os 23 milhões de euros, Pedro Norton havia afirmado que as aquisições estavam não apenas alinhadas com a estratégia de crescimento da empresa, como provavam o empenho dos australianos em continuar a investir em Portugal.

Desta forma, e passado mais esse negócio, a empresa continuará “atenta” às “oportunidades” de novas aquisições “no mercado português e fora dele”. Nesse quadro, “é quase inevitável” que a empresa siga um percurso de internacionalização ‘geográfico’: Espanha e França estão à frente da estratégia.

“Lá fora provavelmente o início vai ser por aquisições, até porque não faz sentido entrar diretamente no desenvolvimento fora de Portugal, mas provavelmente quando tivermos já ativos em exploração fora de portas iremos iniciar também a fase de ‘greenfield’”, afirmou Pedro Norton.

O CEO da Finerge não quis avançar potenciais alvos em Espanha, mas o certo é que a Galiza – bem próxima da maioria dos ativos da empresa nas eólicas, tem sido uma das regiões espanholas que mais tem investido neste segmento das energias renováveis. A Endesa, de Nuno Ribeiro da Silva, também está no setor – recorde-se, aliás, que a Finerge chegou a fazer parte do portefólio da gigante espanhola, que no final de 2005 anunciava a compra da empresa à construtora Sacyr Vallehermoso (por 166,12 milhões de euros) – que dela se apoderou quando comprou a portuguesa Somague.

“Portugal tem objetivos muito ambiciosos em termos de penetração da taxa de energias renováveis na eletricidade, que decorrem do Plano Nacional de Energia e Clima, e isso pressupõe um grande crescimento da capacidade instalada em termos de renováveis. Nós queremos agarrar essas oportunidades e fazer parte dessa solução de que o país precisa”, assegurou Pedro Norton.

O CEO da empresa explicava que a “estabilidade regulatória” é um fator que releva a aposta da empresa: “Portugal tem sido, e espero que se mantenha, uma geografia com alguma estabilidade regulatória e isso é a coisa mais importante para quem investe no país, sobretudo quando são investidores estrangeiros, como é o nosso caso”.
Pedro Norton falava à margem da inauguração das novas instalações do grupo em Matosinhos – um centro operacional a partir do qual são monitorizados todos os parques eólicos que fazem parte dos ativos da empresa.
A Finerge atingiu um volume de negócios de 170 milhões de euros em 2018 e uma taxa de crescimento anual próxima dos 5%, tendo já investido cerca de 1,2 mil milhões de euros em território nacional. Em 15 de maio passado, a Finerge anunciou ter assegurado um financiamento de 706 milhões de euros e de mais 92 milhões em linhas de crédito para acelerar o crescimento.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.