Livro: “Zoocities. Animais Selvagens na Cidade”

É comum ouvir-se a expressão “isto é uma selva”, normalmente em tom enfático, quando não iracundo. Mas “Zoocities. Animais Selvagens na Cidade” mostra que esta metáfora talvez devesse ser levada mais à letra.

Raposas a passear nos jardins de Londres, javalis pelas ruas de Berlim, leopardos no centro de Bombaim, coiotes nos estacionamentos de Nova Iorque, entre outros exemplos. Expulsos de habitats cada vez mais hostis, fruto da poluição, da urbanização excessiva e das alterações climáticas, os animais selvagens têm vindo a fixar-se nas cidades, em busca de alimento e refúgio.

“Zoocities” é, sobretudo, uma reflexão sobre a cidade e a relação dos seres humanos com os animais, incluindo os ditos domésticos ou domesticados, dado que a separação entre estes dois estados é “porosa e flutuante”.

Mais. Macacos mendigos na Índia, gaivotas intrusivas (a autora dá o exemplo de Marselha, mas Lisboa também serve) ou as cerca de quinze mil vacas que vagueiam pela ilha da Córsega, destruindo vedações e jardins e invadindo as praias para veranear no meio dos turistas, obrigam-nos a rever conceitos e a repensar, por exemplo, a ideia de território: os falcões-peregrinos avistados nos telhados de Paris utilizam apenas um terço da área da capital francesa.

Escrito por Joëlle Zask – filósofa e professora na Universidade da Provença, e figura fulcral na introdução do conceito de democracia participativa em França –, o livro inaugura a coleção Biosfera, da Faktoria de Livros, uma chancela vocacionada para leitores adultos, pertencente à Kalandraka, editora mais associada aos livros ilustrados e infanto-juvenis. A tradução é de Elisabete Ramos.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.