[weglot_switcher]

Merkel e Macron voltam a propor orçamento comum na Zona Euro

A ideia nunca gerou consenso suficiente, mas as mudanças que estão a ocorrer no interior da União são, na ótica do eixo Paris-Berlim, a altura certa para alguma disrupção. A Holanda já se manifestou reticente.
20 Novembro 2018, 08h58

A França e a Alemanha decidiram dar novo ímpeto à reforma do euro através de um orçamento para os países da moeda única a ter início em 2021 – uma proposta apresentado a outros países na segunda-feira passada e que, na ótica dos dois países, dotaria o agregado de um instrumento para absorver choques económicos.

A proposta é antiga e até agora nunca reuniu o consenso necessário para a avançar, motivo pelo qual nunca foi verdadeiramente formalizada – mas as mudanças do equilíbrio de forças no interior da União Europeia (por via do Brexit e do calendário do próximo ano, em que o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e o Conselho Europeu mudarão de mãos) parece ser a altura certa para alguma disrupção, considera o eixo Paris-Berlim.

Em causa está também o mau momento de cada um dos líderes nacionais: tanto Angela Merkel como Emmanuel Macron estão a enfrentar fortes pressões internas – o que é normalmente uma boa altura para desviar o foco para temas internacionais. A estratégia começou, aliás, na semana passada, quando a dupla entendeu ter chegado a altura de avançar no plano da criação de um exército comum.

É neste quadro que Alemanha e França decidiram dar um novo impulso ao projeto de integração, mesmo antes do Conselho Europeu em dezembro. O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, e o seu homólogo alemão, Olaf Scholz, vão, segundo fontes destacadas  pela imprensa europeia, liderar a proposta em sede do Euro Grupo.

“Há um ano não podíamos nem usar a palavra orçamento comum e agora há uma proposta franco-alemã. Este é um avanço político importante”, disse Le Maire num encontro conjunto com Scholz após a reunião de segunda-feira. Recorde-se que, há um ano atrás, o ministro alemão era Wolfgang Schäuble, que desde sempre considerou o projeto irealista.

Seja como for, França e Alemanha têm um caminho tortuoso pela frente até alcançarem a unanimidade, se é que a vão conseguir. O documento apresentado por Le Maire e Scholz é, na prática, é um grande fundo com contribuições dos países para atividades que favorecem o crescimento, o desenvolvimento, a inovação e o capital humano – no sentido da convergência e da competitividade dos países da Zona Euro. Serviria também para estabilizar as economias em tempos de crise e equilibrar défices elevados.

Segundo a imprensa europeia, a proposta recebeu apoio imediato da Espanha. Segundo o jornal ‘El Pais’, a ministra da Economia, Nadia Calviño, foi mais longe e voltou a colocar em cima da mesa a questão do apoio no desemprego. “Ao longo destes meses temos trabalhado com a França, Alemanha e outros países nesta ideia concreta. Foi mencionado pela França, eu desenvolvi e outros países têm apoiado”, explicou Calviño, citada por aquele jornal espanhol.

Do outro lado está a chamada Liga Hanseática – liderada pela Holanda e formada pelos países nórdicos e bálticos. O Ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, disse no final da reunião que não via qualquer necessidade de um orçamento comum como instrumento de equilíbrio dos Estados-membros. “Vamos estudar a proposta, mas não estamos convencidos da sua necessidade”, disse.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.