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Militares na fronteira e campos de concentração. Quais são as políticas de Trump anti-imigração?

Centenas de civis armados juntam-se aos 15 mil militares destacados na fronteira com o México. Juntos querem travar a entrada de uma caravana de 7 mil imigrantes da América-Central a mandado de Trump. Conheça aqui as medidas anti-imigração propostas pelo presidente da ”terra dos livres”.
  • Damon Winter/The New York Times
6 Novembro 2018, 07h43

As eleições intercalares dos Estados Unidos da América decorrem esta terça feira, 5 de novembro, mas o tema principal de conversa continua a ser a campanha anti-imigração de Donald Trump.

Atualmente, o Congresso é duplamente republicano: na Câmara dos Representantes e no Senado. Muitos acreditam que é provável que o Senado se mantenha republicano, mas que a Câmara dos Representantes passe a ser democrata, mas esse cenário é incerto. Este novo equilíbrio do ramo legislativo do poder norte-americano pode travar Donald Trump e as suas políticas de combate à imigração.

Centenas de civis armados juntam-se aos 15 mil militares destacados na fronteira com México. Juntos, querem travar a entrada de uma caravana de 7 mil migrantes vindos das Honduras, a mandado do presidente. Trump endureceu o discurso anti-imigração e promete fazer tudo a seu poder para impedir a entrada no país. Mas que medidas tomou?

A caravana latina com 7 mil imigrantes a bordo

A caravana que partiu a 12 de outubro de San Pedro Sula, nas Honduras, começou apenas por transportar apenas 160 pessoas.

O grupo de pessoas que deixou para trás uma vida naquela que é considerada uma das cidades mais inseguras do mundo devido ao tráfico de drogas, disputas entre gangues e homicídios em crescente, começou a deslocar-se para norte em direção ”à terra dos livres”.

Dos cerca de 160 que se juntaram numa rodoviária em San Pedro Sula naquela manhã de sexta feira, passaram a 600 à tarde e mais de mil já no dia seguinte. Agora, já no México, antecipa-se que sejam cerca de 7 mil imigrantes.

Ao todo, estima-se que percorram cerca de 3.535 quilómetros, um pouco mais do que uma caminhada do Porto até Bucareste, capital da Roménia.

Qual foi a resposta de Trump?

Resistência. O presidente norte-americano não hesitou em destacar cerca de 15 mil militares para a fronteira. 

“Iremos até aos  15 mil militares no controlo fronteiriço”, disse o Presidente norte-americano aos jornalistas na Casa Branca.

O chefe de Estado norte-americano afirmou que o movimento de tropas se destina a prevenir a entrada da caravana de migrantes da América central. Trump disse que os Estados Unidos “estarão preparados” e que os migrantes “não entrarão” no país.

“As caravanas são compostas por pessoas e combatentes ferozes”, escreveu Trump na rede social Twitter.

Militares e civis armados contra a entrada de migrantes no país

“Se houver uma pessoa que atire pedras, como eles fizeram no México contra o exército e a polícia, magoando polícias e soldados do México, nós vamos considerar isso uma arma de fogo, porque não há muita diferença de quando se leva com uma pedra na cara”, disse o Presidente dos EUA, numa conferência de imprensa na Sala Oval.

E assim, Trump dá permissão aos 15 mil militares destacados para se dispararem sobre os imigrantes.

A ordem, apesar de ter sido direccionada aos militares, é acatada por civis norte-americanos que se deslocam para a fronteira preparados para travar a entrada dos latinos no país. Segundo o ”Washington Post”, centenas de civis armados estão a organizar tendas, comida, armas e drones para formar as suas próprias caravanas e travar o grupo de migrantes junto à fronteira com o México, em Rio Grande, no Estado do Texas.

Trump vai cortar o apoio financeiro a países da América Central?

Washington vai “cortar ou reduzir substancialmente” as ajudas económicas a três países da América Central que têm sido ineficazes a travar uma marcha de migrantes em direção à fronteira norte-americana.

”Só para terem a certeza: as Honduras, El Salvador, todos esses países, estão a receber milhões e milhões de dólares. Não estão a fazer nada por nós. Adivinhem? Esse dinheiro vai parar muito em breve”, ameaçou o presidente norte-americano.

Fim do direito à cidadania à nascença?

Com a chegada dos imigrantes cada vez mais perto, Trump anuncia que pretende assinar uma ordem executiva para acabar com o direito à cidadania de filhos de imigrantes ilegais nascidos nos EUA.

”Somos o único país no mundo onde uma pessoa pode ter um bebé e esse torna-se automaticamente cidadão dos Estados Unidos… com todos os benefícios! É ridículo. É ridículo, e tem que acabar!” O líder norte-americano garante que o mesmo vai acontecer sob uma ordem executiva.

No entanto, dificilmente esta ordem será aprovada. Segundo a 14º Emenda da Constituição norte-americana ”todas as pessoas nascidas nos Estados Unidos, e sujeitas à sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado em que residem”.

Campos de concentração para imigrantes?

A Marinha norte-americana está desenhar planos para construir amplos centros de detenção para dezenas de milhares de imigrantes nas cidades da Califórnia, Alabama e Arizona. A revista norte-americana, ‘Time‘ confirmou a existência desse documento e sublinha que, caso o plano seja adotado, fortalecerá a politica de ”tolerância zero” da Casa Branca.

No documento, são propostos 60 dias iniciais para construir as primeiras instalações de tendas temporárias para cerca de 5 mil adultos. Depois disso, sugere-se uma expansão mensal para mais 10 mil indivíduos, até atingir a capacidade de 47 mil imigrantes.

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