As eleições intercalares dos Estados Unidos da América decorrem esta terça feira, 5 de novembro, mas o tema principal de conversa continua a ser a campanha anti-imigração de Donald Trump.
Atualmente, o Congresso é duplamente republicano: na Câmara dos Representantes e no Senado. Muitos acreditam que é provável que o Senado se mantenha republicano, mas que a Câmara dos Representantes passe a ser democrata, mas esse cenário é incerto. Este novo equilíbrio do ramo legislativo do poder norte-americano pode travar Donald Trump e as suas políticas de combate à imigração.
Centenas de civis armados juntam-se aos 15 mil militares destacados na fronteira com México. Juntos, querem travar a entrada de uma caravana de 7 mil migrantes vindos das Honduras, a mandado do presidente. Trump endureceu o discurso anti-imigração e promete fazer tudo a seu poder para impedir a entrada no país. Mas que medidas tomou?
A caravana latina com 7 mil imigrantes a bordo
A caravana que partiu a 12 de outubro de San Pedro Sula, nas Honduras, começou apenas por transportar apenas 160 pessoas.
O grupo de pessoas que deixou para trás uma vida naquela que é considerada uma das cidades mais inseguras do mundo devido ao tráfico de drogas, disputas entre gangues e homicídios em crescente, começou a deslocar-se para norte em direção ”à terra dos livres”.
Dos cerca de 160 que se juntaram numa rodoviária em San Pedro Sula naquela manhã de sexta feira, passaram a 600 à tarde e mais de mil já no dia seguinte. Agora, já no México, antecipa-se que sejam cerca de 7 mil imigrantes.
Ao todo, estima-se que percorram cerca de 3.535 quilómetros, um pouco mais do que uma caminhada do Porto até Bucareste, capital da Roménia.
Qual foi a resposta de Trump?
Resistência. O presidente norte-americano não hesitou em destacar cerca de 15 mil militares para a fronteira.
“Iremos até aos 15 mil militares no controlo fronteiriço”, disse o Presidente norte-americano aos jornalistas na Casa Branca.
O chefe de Estado norte-americano afirmou que o movimento de tropas se destina a prevenir a entrada da caravana de migrantes da América central. Trump disse que os Estados Unidos “estarão preparados” e que os migrantes “não entrarão” no país.
“As caravanas são compostas por pessoas e combatentes ferozes”, escreveu Trump na rede social Twitter.
Militares e civis armados contra a entrada de migrantes no país
“Se houver uma pessoa que atire pedras, como eles fizeram no México contra o exército e a polícia, magoando polícias e soldados do México, nós vamos considerar isso uma arma de fogo, porque não há muita diferença de quando se leva com uma pedra na cara”, disse o Presidente dos EUA, numa conferência de imprensa na Sala Oval.
TRUMP, suggesting that U.S. troops dispatched to the border could shoot migrants who throw rocks: “We will consider that a firearm, because there's not much difference when you get hit in the face with a rock." pic.twitter.com/FWwp1kNWGS
— Kenneth P. Vogel (@kenvogel) November 1, 2018
E assim, Trump dá permissão aos 15 mil militares destacados para se dispararem sobre os imigrantes.
A ordem, apesar de ter sido direccionada aos militares, é acatada por civis norte-americanos que se deslocam para a fronteira preparados para travar a entrada dos latinos no país. Segundo o ”Washington Post”, centenas de civis armados estão a organizar tendas, comida, armas e drones para formar as suas próprias caravanas e travar o grupo de migrantes junto à fronteira com o México, em Rio Grande, no Estado do Texas.
U.S. militia groups head to border, stirred by Trump’s call to arms https://t.co/nmDcMXU4QH
— The Washington Post (@washingtonpost) November 4, 2018
Trump vai cortar o apoio financeiro a países da América Central?
Washington vai “cortar ou reduzir substancialmente” as ajudas económicas a três países da América Central que têm sido ineficazes a travar uma marcha de migrantes em direção à fronteira norte-americana.
”Só para terem a certeza: as Honduras, El Salvador, todos esses países, estão a receber milhões e milhões de dólares. Não estão a fazer nada por nós. Adivinhem? Esse dinheiro vai parar muito em breve”, ameaçou o presidente norte-americano.
President @realDonaldTrump: "Honduras, El Salvador, all of these countries, they're getting millions and millions of dollars. They're doing nothing for us…Guess what. That money's going to stop very soon." pic.twitter.com/skC5qWVN8S
— Fox News (@FoxNews) November 3, 2018
Fim do direito à cidadania à nascença?
Com a chegada dos imigrantes cada vez mais perto, Trump anuncia que pretende assinar uma ordem executiva para acabar com o direito à cidadania de filhos de imigrantes ilegais nascidos nos EUA.
”Somos o único país no mundo onde uma pessoa pode ter um bebé e esse torna-se automaticamente cidadão dos Estados Unidos… com todos os benefícios! É ridículo. É ridículo, e tem que acabar!” O líder norte-americano garante que o mesmo vai acontecer sob uma ordem executiva.
No entanto, dificilmente esta ordem será aprovada. Segundo a 14º Emenda da Constituição norte-americana ”todas as pessoas nascidas nos Estados Unidos, e sujeitas à sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado em que residem”.
Campos de concentração para imigrantes?
A Marinha norte-americana está desenhar planos para construir amplos centros de detenção para dezenas de milhares de imigrantes nas cidades da Califórnia, Alabama e Arizona. A revista norte-americana, ‘Time‘ confirmou a existência desse documento e sublinha que, caso o plano seja adotado, fortalecerá a politica de ”tolerância zero” da Casa Branca.
No documento, são propostos 60 dias iniciais para construir as primeiras instalações de tendas temporárias para cerca de 5 mil adultos. Depois disso, sugere-se uma expansão mensal para mais 10 mil indivíduos, até atingir a capacidade de 47 mil imigrantes.
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