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Montenegro ao Jornal Económico: “Amanhã farei uma declaração sobre o futuro do PSD”

Montenegro vai desafiar Rui Rio para que convoque de imediato eleições diretas no PSD. O antigo líder parlamentar social democrata confirma que falará amanhã sobre o futuro do partido. Timing da decisão prende-se com degradação da imagem do PSD e perda de identidade do partido.
10 Janeiro 2019, 18h25

O antigo líder parlamentar do PSD terá decidido avançar já contra Rio, disputando a liderança do partido. Luis Montenegro confirmou ao Jornal Económico que fará amanhã uma declaração no Centro Cultural de Belém (CCB) e que falará sobre o futuro do PSD. Na base da decisão está a degradação do ponto de vista da imagem política, da perda de identidade do PSD e a falta de motivação dos eleitores social-democratas.

“Manhã farei uma declaração no CCB, pelas 16 horas, sobre o futuro do PSD”, avançou ao Jornal Económico, Luís Montenegro, escusando a avançar com mais pormenores. Mas o JE sabe que esta declaração visará um desafio direto ao líder dos social democratas para convocar de imediato eleições diretas para o cargo de presidente de um partido em alvoroço.

Luís Montenegro vai desafiar Rui Rio no sentido  de convocar eleições diretas para o cargo de presidente do PSD. O Jornal Económico sabe que na base desta decisão está a necessidade de clarificar duas opções estratégicas que dividem Montenegro e Rio em relação às eleições legislativas e europeias. Quanto ao timing da decisão, as nossas fontes asseguram que se prende com a gota de água na liderança de Rui Rio, que completa a 13 de janeiro um ano à frente do PSD: “a degradação do ponto de vista da imagem política, da perda de identidade do PSD e a falta de motivação dos eleitores do PSD”.

Segundo as mesmas fonte o timing do anúncio de Montenegro que está disponível para ser líder do PSD é considerado pelo antigo líder parlamentar como “a última oportunidade antes de entrarem no ciclo eleitoral”. Realçam aqui que a declaração de amanhã surge depois de muitas pressões das bases e de dirigentes locais do partido para uma mudança na direção do PSD.

Após um processo de reflexão, nos últimos dias, Montenegro vai, assim, disponibilizar-se para protagonizar uma alternativa, na mesma semana em que condenou a ex-líder do PSD e apoiante de Rio, Manuela Ferreira Leite, e todos aqueles que querem um PSD “pequenino”.

Recorde-se que, no início desta semana, Manuela Ferreira Leite defendeu que é preferível para o PSD ter um “pior resultado” eleitoral do que ficar com um “rótulo de direita”.

“Não posso nunca concordar com aqueles que preferem ver o PSD com um carimbo que eu acho que não faz parte da sua génese, do seu ideário e que eu prefiro que tenha pior resultado nas eleições do que tivesse melhor com um rótulo que eu acho que não lhe assenta”, afirmou a ex-ministra das Finanças de Durão Barroso no programa da rádio TSF Pares da República, gravado na terça-feira à noite.

No dia seguinte Montenegro reagiu a estas declarações que considerou “gravíssimas”, defendendo que não aceita um PSD “pequenino” .

“Esta afirmação de Manuela Ferreira Leite, que corresponde à linha política da atual direção, não é a minha e quero dizer com toda a frontalidade: estarei sempre na linha de um PSD grande e ganhador”, afirmou Luís Montenegro à TSF nesta quarta-feira, 9 de janeiro, realçando que  “é muito perigoso que se possa matar no nosso espaço político ideia do PSD como um grande partido, com vocação maioritária, com vocação de Governo (…) é mesmo descaracterizar o PSD”.

Um ano depois, Montenegro diz sim à liderança do PSD

Em fevereiro de 2018, quando anunciou que iria renunciar ao mandato de deputado à Assembleia da República em abril do mesmo ano, Montenegro admitiu poder vir a candidatar-se à liderança do PSD no futuro. “Desta vez decidi não, se algum dia entender dizer sim, já sabem que não vou pedir licença a ninguém”, avisou na altura.

Rio tinha acabado de conquistar a liderança do partido e Montenegro iniciava assim o que aparentava ser uma “travessia no deserto”, ao nível da atividade política. No entanto, o ex-líder da bancada parlamentar do PSD não deixou de intervir no espaço público, nomeadamente em jornais e programas de comentário político na televisão. E nunca escondeu a discordância relativamente à estratégia política de Rio.

O cenário mais previsível seria Montenegro disputar a liderança do PSD após as eleições legislativas de outubro de 2019, permitindo a Rio concorrer a essas eleições e mostrar o que vale. Contudo, a oposição interna a Rio não esmoreceu e, no início de um ano com três eleições (europeias, regionais e legislativas), Montenegro terá decidido avançar já contra Rio. A sua intervenção na convenção do Movimento Europa e Liberdade, em Lisboa, nesta sexta-feira, poderá ser o ponto de partida para essa batalha.

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