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Banco digital francês Nickel alia-se à CCP para ter “balcões” nas lojas de rua (com áudio)

“Nesta área, em que é preciso o consumidor ter confiança no interlocutor para pôr e tirar de lá dinheiro, o perfil deste comércio pode impulsionar este projeto e aproveitar o potencial para criar oportunidades para os pontos de venda”, diz João Vieira Lopes ao JE.
  • Presidente executivo da Nickel, Thomas Courtois
5 Agosto 2021, 07h50

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) aliou-se ao banco digital Nickel, do grupo BNP Paribas, para que, no início do próximo ano, os consumidores portugueses façam mais compras com meios de pagamento digitais e possam ir ao banco na papelaria onde compram o jornal todas as manhãs.

Como o Nickel vai começar a operar no mercado nacional em 2022, o trabalho de casa começa a ser feito para que as pessoas não estranhem (e entranhem) esta marca francesa que só no país de origem tem mais de 2,1 milhões de contas, de acordo com o relatório e contas semestral do BNP Paribas. A instituição financeira tem um modelo de negócio híbrido (neobanco e banca de retalho tradicional) e é neste segundo ponto que as empresas de comércio e serviços terão um papel coadjutor.

“A CCP, através das suas associações – em particular as locais e sectoriais que enquadram estabelecimentos de porta aberta para a rua – podem ser pontos de contacto da Nickel com o consumidor. É importante para ambas as partes, porque é uma maneira de tentarmos incentivar o comércio e todas essas atividades de serviços na área do digital e uma via para a empresa aumentar o tráfego”, refere João Vieira Lopes, em entrevista ao Jornal Económico (JE).

Contrariamente a outros bancos digitais (e mesmo os tradicionais que, para reduzir custos, enceram cada vez mais balcões), a Nickel está a apostar na presença física para permitir que os clientes possam chegar a um quiosque ou loja de proximidade e fazer depósitos em numerário, entre outras operações.

“Tem um grande potencial em termos de distribuição da oferta da Nickel ao todas as regiões de Portugal. Neste momento estamos a reunirmo-nos com vários associados”, conta ao JE o CEO da Nickel, Thomas Courtois, clarificando que a expansão é financiada pela Nickel, que é “rentável em França” e capaz de investir na internacionalização “sem pedir dinheiro aos acionistas”.

Teremos sucesso em Portugal. O que nós disponibilizamos ao consumidor é a hipótese de pagar e ser pago todos os dias- Thomas Courtois

Em Portugal, a operação física da Nickel far-se-á num primeiro momento através dos associados da CCP, porque a empresa pretende chegar a uma vasta rede de negócios locais (revendedores de serviços) que complementam o online. Para tal, precisam de formação e de ter um estabelecimento com as condições adequadas.

O CEO da Nickel Portugal diz que a empresa irá ajudar estes espaços comerciais a modernizarem-se e a tornarem-se mais digitais. “Irá também ajudar em termos de inclusão financeira, que é uma forma de inclusão social. Estamos abertos a negociar com mais parceiros para desenvolver a rede de pontos de vendas”, afirma João Guerra.

Os diretores executivos da Nickel, que já tem ‘luz verde’ para vender serviços financeiros, mantêm a meta fixada no início de 2021 de estar operacionais em Portugal no primeiro trimestre do próximo ano, bem como de atingir os 450 mil clientes no país em cinco anos.

João Vieira Lopes garante que a CCP dará todo o suporte necessário para que os objetivos sejam cumpridos nos timings previstos. “É um processo bastante simples. É importante ter em conta o público-alvo”, salvaguarda o líder da CCP, recordando que a associação teve experiências desta natureza no passado, umas bem-sucedidas outras nem tanto devido a alterações na estrutura acionista dos parceiros, como aconteceu com a Portugal Telecom.

Nesta área [financeira], em que é preciso o consumidor ter confiança no interlocutor para pôr e tirar de lá dinheiro, acho que com o perfil deste comércio é possível impulsionar este projeto e aproveitar o potencial para criar oportunidades para os pontos de venda aumentarem o seu leque de intervenções junto do consumidor – João Vieira Lopes.

O Nickel, que tem um cartão-padrão e um premium, irá operar com um IBAN português (PT50) e contará com uma equipa em Lisboa, para a qual estão a ser recrutados quatro a seis responsáveis de vendas.

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