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Pagamentos ao BCE reduzem em 4,3% a rentabilidade dos bancos europeus

Um estudo da Deposit Solutions refere que, no total, os pagamentos efetuados pelos bancos da zona euro ao BCE ascendem já a 21,4 mil milhões de euros. Os portugueses pagam 0,5% das taxas de juro negativas do banco central e, desde 2016, os bancos pagaram 88 milhões de euros pelo excesso de liquidez, com um aumento das comissões superior a 240% nos últimos três anos.
17 Junho 2019, 15h08

Há cinco anos, o Banco Central Europeu (BCE) começou a cobrar taxas de juro negativas sobre os depósitos bancários e a fintech alemã Deposit Solutions analisou o impacto desta medida nos lucros dos bancos em toda a Europa, partindo de dados provenientes do próprio BCE.

A Deposit Solutions, empresa sediada em Hamburgo, “levou a cabo uma análise com base nos dados do próprio BCE determinando os custos desta penalização para os bancos da zona euro, e calculou pela primeira vez, até que ponto a medida se reflete na sua rentabilidade”, diz o comunicado.

A análise mostra que, só em 2018, os bancos da zona euro transferiram cerca de 7,5 mil milhões de euros para o BCE – ou seja, 21 milhões de euros por dia em termos aritméticos -, tendo a maioria destes pagamentos sido realizada por bancos alemães, franceses e holandeses durante os anos em análise.

Só no período 2016-2018, os bancos alemães pagaram 5,7 mil milhões de euros ao BCE, os bancos franceses 4,1 mil milhões de euros e os bancos holandeses 2,5 mil milhões de euros. Isso significa que, desde 2016, só esses três países suportaram 69% da sobrecarga dos bancos da zona euro. “No total, os pagamentos efetuados pelos bancos da zona euro ao BCE ascendem já a 21,4 mil milhões de euros”, lê-se no estudo.

Os bancos portugueses pagam 0,5% das taxas de juro negativas do BCE e, desde 2016, os bancos pagaram 88 milhões de euros ao BCE pelo excesso de liquidez, com um aumento das comissões superior a 240% nos últimos três anos, revela a análise que conclui que, em média, os pagamentos de juros negativos reduziram os lucros bancários na zona euro em cerca de 4,3%.

A sobrecarga decorrente de taxas de juro negativas não depende, no entanto, do montante dos depósitos que um banco detém, mas da sua capacidade de os gerir, acrescenta a análise da fintech. “Os bancos que atuam como entidades fechadas têm poucas opções quando se trata de amortecer os efeitos das taxas de juros negativas sobre os seus rendimentos. Embora possam aumentar as comissões ou tentar desfazer-se dos depósitos dos clientes, ambos os passos limitam-se a transferir o ónus para o cliente”, refere Tim Sievers, CEO e fundador da Deposit Solutions. Em vez disso, diz, “os bancos devem posicionar-se como plataformas e oferecer aos seus clientes uma seleção de produtos de depósito de poupança de terceiros, mantendo ao mesmo tempo a relação existente com o cliente”.

“Se fizerem do open banking parte integral da sua estratégia de negócio, podem utilizar produtos de terceiros para fazer mais negócios com os seus clientes e ganhar novos clientes”. acrescenta o CEO. Segundo Tim Sievers, “para muitos bancos, a perspetiva de poder vir a reduzir a carga de juros negativos acaba por constituir um bónus adicional”, logo, “em vez de colocarem dinheiro no BCE de forma onerosa, podem assim transferir o excesso de liquidez para outras instituições de maneira favorável ao seu cliente e ao seu próprio equilíbrio financeiro”.

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