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Paulo de Morais: “Se as escolas fossem como a Justiça estavam no ano letivo de 1999”

No “Pequeno Livro Negro da Corrupção”, Paulo de Morais traça o retrato dos principais esquemas, da Expo 98 ao BES e Novo Banco, passando pelo Euro 2004 e BPN. Tem dúvidas quanto ao plano do Governo para travar a corrupção e contesta a permissibilidade da Justiça e reguladores.
12 Setembro 2020, 09h00

Paulo de Morais é um das vozes mais ativas no combate à corrupção em Portugal, seja nos corredores da Assembleia da República ou nas várias áreas da sociedade, do futebol à cultura, onde o fenómeno se entranhou. Em entrevista ao Jornal Económico, a propósito do lançamento do seu novo livro “O Pequeno Livro Negro da Corrupção”, o ativista e professor universitário defende que a corrupção e a captura da política pelos interesses económicos “inibem o desenvolvimento do país” e colocam a democracia em xeque, devido aos níveis de promiscuidade no Parlamento. Contesta a passagem de Mário Centeno para o Banco de Portugal e não acredita que o Novo Banco vai atingir contornos semelhantes aos do BPN – que define como “a maior fraude do regime” –, mas prefere esperar para “fazer as contas”. Candidato à Presidência da República em 2016, descarta uma recandidatura e aponta para a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes.

Por que decidiu escrever “O Pequeno Livro Negro da Corrupção”?
Entendi que era importante, para que não se repita isso no futuro, que houvesse um registo atual de quem são aqueles que estão a destruir a riqueza do país permanentemente. O livro fala também dos que estão do lado da corrupção, dos combatentes, de casos e do contexto. Não é um dicionário de corruptos.

No livro, diz que a corrupção “mata a esperança no futuro de Portugal” e que, se nada for feito, pode matar a própria democracia. O que o leva a prever isso?
A corrupção é um problema crónico da sociedade portuguesa. Inibe o nosso desenvolvimento porque há um conjunto de recursos e riquezas que são canalizados só para a conta de alguns. Isso é feito através de mecanismos de corrupção em que quem exerce cargos públicos (na administração ou na política) utiliza as suas funções para canalizar o dinheiro que é de todos para quem quer, por via do Orçamento do Estado, dos orçamentos municipais ou concessões administrativas. Há ainda outro tipo de corrupção, que é a colocação de “incompetentes” em determinados lugares, os jobs for the boys, que enxameiam a administração e a política de más decisões que vão empobrecer o país. Nos últimos 25 ou 30 anos, tivemos corrupção no Euro 2004, na Expo 98, na compra de submarinos, no BPP, no BPN, no BES e Novo Banco, nas parcerias público-privadas (PPP). Os exemplos são inúmeros e levam os recursos do país e, inevitavelmente, nós – contribuintes – estamos sempre a pagá-los.

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