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Perfil: quem é Juan Guaidó, o líder da oposição venezuelana?

Engenheiro de formação, com atividade na oposição desde 2007, a sua figura manteve-se desconhecida da comunidade internacional até ter dito, desassombradamente, que Nicolás Maduro não é um presidente legítimo. A partir daí ninguém mais o conseguiu parar.
24 Janeiro 2019, 10h15

Aos 35 anos, Juan Guaidó surge como o vértice da oposição ao regime de Nicolás Maduro, herdando de alguma forma o lugar que era antes ocupado por Henrique Capriles – que em abril de 2013 perdeu as eleições presidenciais por 49,07% contra 50,66% de Maduro (com participação de mais de 78,7% do eleitorado).

A vitória de Maduro – que não era totalmente esperada – desarticulou a oposição e, apesar de uma vitória nas eleições gerais de dezembro de 2015 – não lhes foi possível encontrar alguém que pudesse encabeçar a revolta contra Maduro. O regime disso se encarregou: a polícia secreta conseguiu impedir qualquer vontade de assunção da liderança da oposição – e aqueles que se colocavam na linha de sucessão a Capriles eram rapidamente ‘convidados’ a deixar o país.

Talvez esteja aqui a explicação do sucesso de Guaidó: a polícia e o regime não o tinham na lista dos perigosos oposicionistas que ainda não tinham sido mandados para fora das fronteiras do país. Será essa a explicação para o facto de Juan Guaidó só ter tido problemas com a ‘secreta’ venezuelana depois de ter dito que a presidência de Maduro era uma usurpação.

Guaidó tornou-se no venezuelano mais jovem a assumir a presidência da Assembleia Nacional quase por acaso, segundo relatam os jornais do país – como se na altura não houvesse mais ninguém disponível ou interessado em assumir um lugar que só trás problemas. Mas foi a partir dessa eleição e da recusa em aceitar Maduro – que assumiu a presidência a 10 de janeiro – que tudo começou.

O homem que esta quarta-feira se autoproclamou Presidente em exercício da Venezuela é militante do partido da oposição Vontade Popular (de centro). Foi destacado ativista juvenil, tendo subido dentro do partido após a condenação de Leopoldo Lopez e a debandada do país de outros opositores de peso, fartos de terem a ‘secreta’ à porta de casa (ou mesmo dentro dela).

Em 2007, liderou os protestos estudantis contra o encerramento do canal Caracas Televisión, ligado à oposição, e participou na contestação à tentativa de alteração da Constituição. Dois anos depois já militava no Vontade Popular. Em 2010, foi eleito deputado suplente, para, no ano seguinte concorrer a governador da sua província natal, Vargas, eleição que acabaria por perder.

Na Assembleia Nacional foi vice-presidente da Comissão de Política Exterior e, em 2018, tornou-se líder da bancada da oposição. Em janeiro deste ano, e com base na regra de rotatividade do Parlamento, chegou a presidente da Assembleia Nacional.

Um desconhecido até há poucas semanas atrás – do ponto de vista internacional – Juan Guaidó estudou engenharia na Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, e tem uma pós-graduação em gestão pública na Universidade George Washington.

Após a tomada de posse de Maduro, disse que estava disposto a tomar as rédeas da mudança. Três dias depois, foi preso pela polícia política, o Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN), tendo sido libertado uma hora depois, com o governo a negar qualquer envolvimento no sucedido – teria sido um excesso de zelo de um agente. A partir desse momento, a sua projeção disparou.

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