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Portugal em 13º lugar em 39 países no indicador global de literacia financeira

A percentagem de entrevistados que afirma ter poupado no último ano é menor do que em 2020, tendência que importa inverter para não comprometer os resultados alcançados na resiliência financeira das famílias.alerta o fórum composto pela CMVM, BdP e ASF.
17 Abril 2024, 11h02

O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) divulgou esta terça-feira os resultados do quarto Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, conduzido em 2023 no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira. “Esta iniciativa enquadra-se no exercício de comparação internacional dos níveis de literacia financeira dinamizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), através da International Network on Financial Education (INFE)”, revela o CNSF

Na comparação internacional de 2023, Portugal ficou em 13º lugar no indicador global de literacia financeira, entre os 39 países participantes, “registando resultados acima da média neste indicador global e nas suas componentes de atitudes e comportamentos financeiros”.

Portugal surge também acima da média no indicador de bem-estar financeiro, ocupando a sétima posição, com 51,4 pontos, com resultados acima da média nas suas componentes de resiliência financeira e de avaliação subjetiva de bem-estar.

Há três autoridades de supervisão que integram o CNSF – a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Os resultados de Portugal assentam em hábitos relacionados com a gestão do orçamento familiar mais adequados e na capacidade de fazer face a choques financeiros”, diz o comunicado que neste âmbito destaca que a grande maioria dos entrevistados paga as contas a tempo (85,9%), evita compras por impulso (85%), considera que não tem demasiadas dívidas (78,5%) e controla sistematicamente as suas finanças pessoais (76,9%).

A maioria dos entrevistados valoriza o futuro, discordando de que vive para o presente (68%) e de que tem mais prazer em gastar dinheiro do que em poupar para o futuro (52,6%). Há 67,6% dos inquiridos que afirmam ter capacidade de pagar uma despesa inesperada de valor equivalente ao seu rendimento mensal sem ter de pedir dinheiro emprestado ou a ajuda de familiares ou amigos.

Depois há 79,5% dos entrevistados referem ter rendimento suficiente para cobrir o seu custo de vida.

Metade dos inquiridos afirma que, se perdesse a principal fonte de rendimento, conseguiria pagar as suas despesas por um período superior a três meses.

Ainda assim, a percentagem de entrevistados que afirma ter poupado no último ano é menor do que em 2020, tendência que importa inverter para não comprometer os resultados alcançados na resiliência financeira das famílias.

O indicador global de literacia financeira médio em 2023, de 62,7 pontos, “é muito semelhante ao de 2020, mesmo com a melhoria no indicador de conhecimentos financeiros, ainda que persistam importantes lacunas em questões relacionadas com o cálculo de juros simples e juros compostos, a diversificação de risco e o poder de compra”, revela o CNSF.

Em contrapartida, verificou-se uma diminuição ligeira dos indicadores de atitudes financeiras e de comportamentos financeiros, evolução para a qual contribuiu a menor percentagem de entrevistados que referiu ter poupado no último ano, acrescenta.

A média do indicador de bem-estar financeiro em 2023, de 50,8 pontos, é superior ao de 2020 (41,9 pontos), o que resulta do aumento da resiliência a choques financeiros e da avaliação que os entrevistados fazem em relação à satisfação com a sua situação financeira.

A inclusão no sistema bancário aumentou, com 96% dos entrevistados a deterem uma conta de depósito à ordem. Os outros produtos mais detidos são os seguros (43,8%), os cartões de crédito (35%), os depósitos a prazo (34,2%) e o MB Way (33%). As fontes mais utilizadas para obter informação sobre produtos financeiros continuam a ser as recomendações da instituição e de familiares ou amigos.

No novo indicador global de literacia financeira digital, calculado para os entrevistados com acesso à internet, Portugal surge no oitavo lugar, com uma pontuação de 61,7, acima de países como a Finlândia, a Grécia, os Países Baixos, a Itália ou a Suécia.

“Destacam-se os resultados acima da média na não partilha de palavras-passe (embora a alteração regular das palavras-passe e PIN esteja abaixo da média da OCDE) e outras informações pessoais, na importância atribuída à leitura das condições aplicáveis às compras online e à verificação da segurança do sítio de internet e no reconhecimento de que as criptoativos não têm o mesmo curso legal que as notas e moedas”, refere o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.

Mas, alerta, “há ainda um longo caminho a percorrer na inclusão financeira digital, uma vez que cerca de um quarto da população adulta em Portugal não acede à internet”.

A sustentabilidade é uma área em que os entrevistados revelam pouco conhecimento, com a maioria a afirmar que não sabe o suficiente sobre investimentos sustentáveis. Neste contexto, menos de metade dos entrevistados atribui menor importância ao lucro da empresa do que à preocupação da empresa com o seu impacto no ambiente ou na sociedade.

Plano Nacional de Formação Financeira para o quinquénio de 2021-2025

Os resultados do inquérito confirmam a relevância e atualidade das três linhas de orientação estratégica assumidas pelo Plano Nacional de Formação Financeira para o quinquénio de 2021-2025, nomeadamente, o reforço da resiliência financeira, a promoção da formação financeira digital e o contributo para a sustentabilidade, revela o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.

As entrevistas para o quarto Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa foram realizadas porta-a-porta, em todo o território nacional.

A amostra incluiu 1.510 entrevistados, com 16 ou mais anos, e foi estratificada por critérios de género, idade, localização geográfica, situação laboral e nível de escolaridade.

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