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Presidente da Câmara de Évora: “Alentejo perde oito pessoas por dia”

Na conferência “Inovação como instrumento de mudança no mercado de trabalho”, Carlos Rodrigues Pinto defendeu a aposta “em polvos urbanos com capacidade para fazer essa mediação entre o mundo rural e o mundo urbano”.
  • Cristina Bernardo
18 Novembro 2019, 16h03

“O Alentejo está a perder oito pessoas por dia, são dois terços do país”, alertou o presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Rodrigues Pinto, esta segunda-feira, 18 de novembro.

Durante a conferência “Inovação como instrumento de mudança no mercado de trabalho”, cuja organização conjunta é do Jornal Económico e Altice Portugal, o autarca de Évora chamou a atenção para o êxodo rural, que considerou ser um dos problemas gerados pela “evolução rápida” da realidade nas regiões interiores do país e explicou como o “poder local poderá dar um contributo para travar e inverter a tendência”.

Para o autarca, a modernização “significa novas técnicas” e para fixar a população no interior seria necessário uma “economia diversificada – agropecuária, indústria e serviços – e atividades ligadas à transferência do conhecimento”.

Carlos Rodrigues Pinto defendeu a aposta “em polvos urbanos com capacidade para fazer essa mediação entre o mundo rural e o mundo urbano”.

“Se não fosse o poder local, o interior do país estaria bem pior. Foi o poder local o grande responsável para que haja infraestruturas no interior e por travar o êxodo rural”, salientou Rodrigues Pinto, para quem as autarquias do interior representam um “papel fundamental naquilo que o país é hoje”, pela foram como “o poder local foi construído a partir da Revolução de 1974”.

Apesar de o “sistema tender a centralizar em grandes urbes as principais atividades económicas”, o interior do país também acolhe “atividades fundamentais” para fixar população”. Para Carlos Rodrigues Pinto, Évora é um exemplo de contrariar a tendência e a “pressão que as pessoas sofrem para deixar o interior”.

O exemplo que o autarca evorense aludiu foi o setor da aeronáutica, cujo “cluster está sediado em Évora” e que é alavancado pela operação da Embraer.

Rodrigues Pinto defendeu que este cluster traz inovação e liga as empresas da região à universidade e permite criar outro tipo de condições para fixar população. Por isso, defendeu que o caso de Évora pode servir de exemplo a “formas de tampão ao êxodo rural”.

O presidente da Câmara Municipal de Évora alertou ainda para o facto de “mais de 80%” dos fundos europeus estarem destinados às áreas litorais, o que dificulta o papel das regiões do interior. Mas não só: “O Alentejo costuma ter como valor máximo de investimento no Orçamento de Estado 4%”, lamentou.

Por isso, no seu discurso sobre a importância do poder local, Carlos Rodrigues Pinto apelou à criação de uma “política nacional de desenvolvimento regional, que coloque recursos, define objetivos e monitorize o que se está a fazer no interior”.

Rodrigues Pinto identificou como principal área de atuação do poder local o ordenamento do território. “O interior era um território desordenado – construíam-se casas em qualquer lado. Foi com o poder local democrático que o ordenamento do território surgiu e o primeiro plano director municipal foi feito em Évora”, argumentou.

Esta segunda-feira decorreu, na Universidade de Évora, a conferência “Inovação como instrumento de mudança no mercado de trabalho”, cuja organização conjunta é do Jornal Económico e a Altice Portugal. Este é o quarto encontro do ciclo de conferências “Portugal Inteiro”.

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