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Quatro candidatos na corrida à Universidade de Coimbra

Três portugueses e uma brasileira-sueca disputam esta segunda-feira, 11 de fevereiro a liderança da universidade mais antiga do país. Pelo caminho, ficou um quinto candidato, natural de Singapura. Nunca uma eleição na academia suscitou tanto interesse internacional.
  • Edifício da Universidade de Coimbra
10 Fevereiro 2019, 11h00

Os professores da Universidade de Coimbra (UC) Amílcar Falcão, Ernesto Costa e José Pedro Paiva concorrem ao lugar que João Gabriel Silva vai deixar vago após completar o seu segundo mandato como reitor. O Jornal Económico sabe que na corrida ao cargo está igualmente Duília Fernandes de Mello, vice-reitora da Universidade Católica da América.

Além do elevado número de candidatos que vão a votos no dia 11 de fevereiro, esta eleição fica marcada pelo grande interesse internacional que suscitou. Da Universidade de Macau chegou ainda um quinto interessado, o professor Yang Chen, nascido em Singapura, que, apesar de ter sido aceite, acabou por retirar a candidatura a 14 de janeiro.

Dos quatro candidatos que vão a votos quase se pode dizer que o primeiro na ordem alfabética – Amílcar Falcão joga em casa: vice-reitor da Universidade de Coimbra desde 2011, tutela atualmente as áreas da investigação, inovação, empreendedorismo e desporto. Assenta a sua candidatura no lema dos Jogos Olímpicos, Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte) e faz da necessidade de afirmar globalmente a UC enquanto universidade de investigação uma das suas bandeiras. Defende “uma aposta forte na investigação, um reforço no ensino e a transferência de conhecimento. “Não se ensina o que não se sabe e não se transfere o que não se tem. Temos de formar pessoas competentes e ser proativos na ligação à sociedade”, afirma o antigo diretor da Faculdade de Farmácia.

Duília Fernandes de Mello é segunda na ordem alfabética. Cidadã brasileira e sueca com residência permanente nos Estados Unidos tutela a investigação e avaliação da Universidade Católica da América, em Washington DC. A especialista em astrofísica extragaláctica baseia o seu programa “Coimbra – a Universidade do futuro” em três pilares: “Excelência académica, Pesquisa (investigação) competitiva e Internacionalização com diversidade”. Entre as muitas propostas que defende, está, por exemplo, o aumento dos cursos de dupla titulação e uma maior aposta no financiamento externo da investigação. No seu plano de ação, a candidata pugna pela utilização do “Orçamento de Estado da melhor maneira possível para financiar” a investigação na universidade, apontando a captação de estudantes “em todos os níveis” de ensino como uma outra via importante de financiamento.

Ernesto Costa, um dos fundadores do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra e o seu primeiro presidente eleito, está igualmente na corrida para reitor. O professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia com interesse científico na área da inteligência artificial, diz que o momento atual da universidade “requer não apenas a responsabilidade como também um compromisso de mudança”. E justifica: “A mudança que reivindico, começa com a alteração do relacionamento entre o governo da universidade e os seus membros, consubstanciada numa lógica de diálogo que reconheça a dimensão estratégica da investigação e a necessidade da sua coordenação efetiva; que reforce a dimensão internacional da universidade e promova a multiculturalidade; que se preocupe com as questões da cidadania, abarcando propostas concretas para tornar realidade a igualdade de género; que tenha consciência das implicações profundas da revolução digital para o processo de ensino/aprendizagem…”. O candidato defende ainda um aprofundamento das ligações entre a universidade e a sociedade, que “permita à Universidade de Coimbra retomar o seu papel de interveniente nos grandes debates do nosso tempo através do exercício do pensamento crítico.”

José Pedro Paiva encerra a lista de candidatos a reitor para o quadriénio 2019-2023. O diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e responsável pelo Arquivo da Universidade de Coimbra desde 2011 candidata-se à liderança da mais antiga instituição do ensino superior de Portugal com o lema “Honrar o Passado Enfrentar o Presente Projetar o Futuro”. Defende que a UC tem de ser pioneira na produção de novo conhecimento e de saber aplicá-lo e valorizá-lo do ponto de vista dos seus impactos económicos e sociais. “Temos de ter a ambição de ser uma universidade de investigação, que contribua para a resolução dos grandes problemas com que as sociedades e os indivíduos se confrontam”. E que são, segundo explica, “as questões do ambiente, as alterações climáticas, o envelhecimento e a saúde das populações, a coesão e o ordenamento territorial, a mobilidade urbana, as desigualdades sociais em sociedades cada vez mais articuladas através de relações virtuais, os amplos fluxos migratórios”.

O futuro reitor da UC é eleito em reunião plenária do Conselho Geral, constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.

Artigo publicado na edição 1973, de 25 de janeiro, do Jornal Económico

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