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Todos saíram a perder em Madrid com as eleições na Galiza e no País Basco

Partidos que integram a coligação que governa Espanha tiveram notícias entre o mau e o catastrófico, mas até o líder da oposição de centro-direita, Pablo Casado, teve motivos para ficar preocupado apesar de nova maioria absoluta do PP na Galiza.
  • EPA / Paco Campos – Lusa
13 Julho 2020, 18h00

Nem a renovada maioria absoluta do Partido Popular (PP) na Galiza, enquanto o Partido Nacionalista Basco (PNV) aumentou a vantagem no País Basco sem deixar de necessitar de um parceiro de coligação, permitiu que qualquer um dos cinco principais partidos representados nas Cortes de Madrid retirasse boas notícias das eleições autonómicas deste domingo.

Bem garantiu Alberto Núñez Feijóo, no momento de festejar a sua quarta maioria absoluta – desta vez com 47,98% dos votos dos galegos, elegendo os mesmos 41 deputados de que o PP já dispunha -, que continuará “a trabalhar pela Galiza até ao final da legislatura”. E até recordou aquele momento de 2018 em que não se intrometeu na sucessão de Mariano Rajoy à frente da direção nacional do partido, garantindo: “Dou-me conta que tomei a decisão correta.”

Não bastou para que Pablo Casado, líder da oposição de centro-direita ao governo de Pedro Sánchez, ficasse descansado. Além do rival-que-diz-não-querer-ser galego, teve de lidar com o mau resultado do PP no País Basco, onde o ex-eurodeputado Carlos Iturgaiz nada de bom conseguiu numa coligação com o Cidadãos que visava ser um “balão de ensaio” para futuras alianças noutros pontos da Península Ibérica. Dos escassos nove deputados que tinha sozinho na região que compete com a Catalunha pelo título de mais independentista, o PP desceu para apenas cinco, afundando-se completamente.

Mas também o primeiro-ministro Pedro Sánchez não poderá festejar os resultados de domingo, com os socialistas a manterem-se muito minoritários tanto na Galiza (15 mandatos em 75) e no País Basco (apenas dez, entre outros 75). Nem a satisfação de ter ganho um deputado em cada uma das regiões autonómicas, e a provável manutenção do estatuto de parceiro de coligação do PNV, liderado pelo lehendakari Iñigo Urkullu, escondem que os maiores partidos da oposição nas duas regiões são agora, respetivamente, o Bloco Nacionalista Galego e o EH Bildu, herdeiro do braço político da ETA.

Mas muito pior ficou o Unidas Podemos, parceiro de governação do PSOE em Madrid, ao ponto de o líder da extrema-esquerda espanhola, o vice-primeiro-ministro Pablo Iglesias, admitir no Twitter que é preciso “fazer uma autocrítica profunda e aprender com os erros que decerto cometemos”. Na Galiza conseguiu a “proeza” de cair de segunda força para desaparecido em combate, perdendo 200 mil eleitores e todos os deputados, enquanto no País Basco baixou de 11 para seis.

Para a extrema-direita do Vox uma única compensação: a eleição de Amaya Martínez Grisaleña para o parlamento do País Basco, tendo o líder nacional Santiago Abascal rotulado de “histórico” o dia em que “pela primeira vez em democracia existe uma deputada livre dos pactos entre nacionalistas”. Só que, como também seguramente deu conta, é também a primeira vez que existe uma maioria absoluta nacionalista juntando os moderados do PNV (habituados a viabilizar governos nas Cortes de Madrid em troca de sossego e atenção especial para a sua região) e os nunca acusados de ser moderados do EH Bildu.

Quanto ao Cidadãos, transformado em estrela cadente do centro-direita espanhol e agora liderado pela catalã anti-independentista Inés Arrimadas,  está cada vez perante o precipício e sem capacidade de não dar o passo em frente.

 

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