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Turquia: Erdogan acossado por ex-colaboradores muito próximos

Antigos apoiantes do presidente turco formaram dois novos partidos concorrentes ao AKP e querem o regresso do parlamentarismo e o fim do presidencialismo.
  • Recep Tayyip Erdogan
14 Dezembro 2019, 16h01

Ahmet Davutoglu, um ex-aliado do presidente turco Recep Erdogan e ex-primeiro-ministro, vai criar um novo partido com servador e islâmico – posicionando precisamente no mesmo campo político do líder do país (e do AKP, Partido da Justiça e Desenvolvimento)) e desafiando abertamente a sua autoridade.
Davutoglu, académico e considerado um dos orientadores de Erdogan na última década, foi também ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2014 e 2016 e personalidade de topo do AKP. Davutoglu já apresentou sua nova formação, o Partido do Futuro (GP), que alguns descrevem como uma versão mais leve do AKP ou AKP 2.0.
Na sua apresentação, o ex-colaborador de Erdogan definiu a nova formação como “liberal e respeitosa das tradições”, interessada em garantir o “pluralismo”, a “independência judicial” e a “liberdade de imprensa”, enquanto rejeitava “um maneira de fazer política baseada no culto da personalidade ”, crítica pouco velada ao crescente autoritarismo de Erdogan. O novo partido quer ainda o regresso ao parlamentarismo e o fim do atual presidencialismo centrado em Erdogan. Seguno a imorensa turca, cerca de vinte dirigentes de topo do AKP, principalmente da ala islamita mais liberal, foram para o Partido do Futuro.
Mas Davutoglu não é o único ex-colaborador de Erdogan que tenta seguir o seu próprio caminho: o ex-ministro da Economia Ali Babacan, sob o patrocínio do ex-presidente Abdullah Gül, anunciou que apresentará uma nova formação de centro-direita ainda antes do final do ano e depois de ter mantido contatos dentro e fora do país para encontrar apoios.
Após as eleições locais na primavera passada, nas quais o partido de Erdogan perdeu o controlo de cidades importantes como Ankara e Istambul, Davutoglu publicou um manifesto contra o o controlo do AKP e do aparelho do Estado por parte de um grupo restrito, construído em torno do genro de Erdogan, o ministro da Economia Berat Albayrak.
Ser dissidente do AKP não será fácil: a Universidade de Sehir, fundada por Davutoglu, viu os sues ativos congelados por um tribunal depois de o banco público Halkbank se recusar a refinanciar um empréstimo de 60 milhões de euros.
Segundo a imprensa, as divergências entre Babacan e Davutoglu tornam impensável que os dois novos partidos unam forças para apresentarem uma frente comum – o que é claramente uma boa notícia para Erdogan.

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