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Angola é um dos piores países para fazer negócios

O país já viveu um grande crescimento económico mas não foi acompanhado por melhores condições de vida.
  • Aly Song/Reuters
30 Setembro 2016, 09h47

Angola tornou-se uma referência, do ponto de vista económico, durante o período em que alcançou elevadas taxas de crescimento, alicerçadas no preço do barril de petróleo no mercado internacional. Entre 2002 e 2008, a taxa média anual de crescimento do PIB foi de 10,1%, já com as correções das Contas Nacionais.

Apesar deste desempenho positivo, o país não conseguiu oferecer melhores condições de vida aos seus cidadãos. Entre 2009 e 2015, o ritmo médio anual de crescimento económico baixou para 3,6%, o que, obviamente, dificultou a obtenção de saltos mais expressivos no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Angola, apesar das melhorias registadas, depois da obtenção da paz em 2002, continua a fazer parte do grupo dos países de baixo desenvolvimento humano.

Estas são algumas das conclusões do estudo “Posição de Angola em vários índices internacionais” 2016, do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, elaborado pelo investigador Wilson Silva.

O IDH é liderado há 12 anos consecutivos pela Noruega, seguido da Austrália, com a Suíça a ocupar a terceira posição. Relativamente aos países que ocupam a Comunidade de Países de Língua Portuguesa – CPLP, Portugal lidera, seguido do Brasil. Na terceira posição, encontra-se Cabo Verde; no quarto lugar, Timor-Leste; em quinto, está São Tomé e Príncipe; enquanto Angola se fica pela sexta posição.

Apesar da fraca posição alcançada na tabela, Angola conseguiu uma das maiores taxas de crescimento média anual do IDH entre 2000 e 2010, estimada em 2,70%. Porém, no período 2011/2015, baixou para 1,1%.

Angola, sem reformas profundas, continua a figurar na lista dos piores países para realização de negócios no mundo, segundo o Doing Business, lançado pela primeira vez em 2002, sob a responsabilidade do grupo Banco Mundial.

“A burocracia e os custos pa­ra se fazer negócios em Angola es­tão entre os maiores do mundo. Destacando-se os custos de ad­missão, tempo para abertura efe­tiva do negócio, rigidez na lei de trabalho, mesmo sendo revista, e cumprimento dos contratos. Todos estes fatores colocam Angola na lista dos dez piores países para se fazer negócios no mundo. Apesar de ter melhorado em 2016”, revela o estudo.

Quanto ao Índice de Liberdade Económica, Angola encontra-se colocada em última posição, com (48,9 pontos) no âmbito da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

No Índice de Democracia, compilado pela revista The Economist com a finalidade de examinar o estado da democracia em 167 nações, Angola aparece classificada como um país que apresenta um regime autoritário. “Apesar de verificar uma ligeira subida, em termos de posições, na tabela das classificações, Angola ainda apresenta desafios no quadro dos pressupostos paradigmáticos de democracia”, revela o estudo.

Angola tem ainda de enfrentar imensos desafios

Wilson Silva revela que este país africano irá ainda defrontar-se com imensos desafios para alcançar os melhores posicionamentos na arena internacional e na região.

O investigador refere que um dos pontos fracos do país, diz respeito à burocracia e os custos para a realização de negócios, que, em Angola, têm se mostrado bastante elevados para a classe empresarial nacional e estrangeira que tenciona fazer aplicação dos seus capitais na economia angolana. “Quando analisamos a economia da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, por exemplo, verifica-se que o Botswana ocupa o primeiro lugar na lista dos dez melhores países da SADC para re­alização de negócios, seguida pela África do Sul e as Seicheles. Estes países podem ser um ponto referencial de partida para o nosso país, uma vez que as suas políticas económica e social lhes permite estar nos lugares cimeiros”, esclarece.

Outro dos pontos débeis neste posicionamento angolano, na opinião do investigador, prende-se com a capacidade e competitividade de Angola em atingir bom nível em África. E neste item aparece desfavorável junto das restantes economias do continente, começando pela África do Sul, Maurícias e Botswana. n

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