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António Costa: “É necessário que a vida continue”

O primeiro ministro, António Costa, explicou as medidas de mitigação à propagação do novo coronavírus em Portugal.
  • Omer Messinger/EPA
16 Março 2020, 21h16

O primeiro-ministro António Costa vincou esta noite que “é necessário que a vida continue”, apesar da propagação do novo coronavírus, em entrevista na SIC.

Hoje registou-se a primeira vítima mortal de uma pessoa infetada com o Covid-19, o que António Costa lamentou. E vincou que “é um dia que demonstra que temos de enfrentar este desafio com a consciência que temos de dar o tudo o por tudo para salvar vidas, e com a consciência que a vida tem de ser preservada”.

“É necessário que a vida continue”, disse o primeiro-ministro. “Temos tomado as medidas de estabelecimentos pela sua natureza que aumentam muito o risco de contaminação: escolas, discotecas e bares. Restringimos os espaços em que não se forem limitadas a lotação, aumentam os riscos de contágio, por exemplo nos restaurantes ou nos supermercados, onde restringimos a capacidade de entrada, onde as pessoas só podem entrar a ‘conta-gotas’, ou nos centros comerciais, onde só vão entrar quatro pessoas por cada 100 metros quadrado”.

“Os portugueses voluntariamente têm-se refugiado em casa. O Presidente da República está a ponderar a declaração do Estado de Emergência. Já apresentámos medidas de restrição à mobilidade. Temos um quadro jurídico que nos permite aumentar as medidas, estamos num grau de alerta, mas temos um grau superior, que é o do estado de calamidade, onde podem haver restrições muito fortes à circulação. Por isso o Presidente da República está a ponderar [declarar o Estado de Emergência]”, explicou.

No entanto, António Costa salientou que há quem não perceba o que pressupõe o estado de emergência. “As pessoas não têm consciência que do que significa o Estado de Emergência. Mesmo sem ele, é possível impor restrições à circulação”, disse, explicando que não é necessário declará-lo para restringir a mobilidade e a circulação dos portugueses.

“Temos querido fazer com que as pessoas tenham consciência da gravidade. Não hesitámos tomar medidas que foram necessárias tomadas. Se há portugueses fechados em Marrocos por causa do encerramento de fronteiras, nós vamos lá buscar. Temos de assegurar o funcionamento da SNS”, disse.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, já tinha anunciado restrições à circulação transfronteiriça de pessoas entre Portugal e Espanha, com a GNR e a Guarda Civil a impedirem a passagem de turistas, ou visitantes em lazer, entre os dois países.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quer ouvir na quarta-feira o Conselho de Estado sobre a possibilidade de decretar o estado de emergência, uma medida excecional prevista na Constituição da República Portuguesa e que suspende determinados direitos, liberdades e garantias que, de outra forma, não podem ser alvo de restrição.

Esta segunda-feira marcou a primeira vítima mortal infetada com o novo coronavírus em Portugal. Tratava-se de um homem de 80 anos que morreu no hospital Santa Maria, em Lisboa, onde estava internado há vários dias e que tinha uma pneumonia.

O número de infetados em Portugal subiu hoje para 331, mais 86 do que no domingo, referiu a Direção Geral de Saúde no boletim epidemiológico. Há ainda 374 pessoas que aguardam resultado laboratorial, destacando-se ainda três casos de recuperação.

Entre os caso confirmados, 139 pessoas estão internadas em unidades de saúde e 18 em unidades de cuidados intensivos.

(atualizada às 21h23)

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