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Bancos ainda têm 6,7 mil milhões de euros em imóveis por recuperação de crédito para vender

O campeão dos imóveis por dação em incumprimento é o Novo Banco. O banco liderado por António Ramalho tinha em junho imóveis no balanço no valor líquido de 2.350 milhões de euros, valor que tem estabilizado face ao fim do ano. No semestre vendeu 300 milhões em imóveis. No ranking dos bancos com maior ‘parque imobiliário’, segue-se o BCP, o Montepio, a CGD e por fim o BPI.
  • Cristina Bernardo
30 Julho 2017, 16h58

É um indicador que não deixa esquecer a crise económico-financeira que afetou o país e em consequência o sistema bancário. Os cinco bancos – CGD, BCP, BPI, Novo Banco e Montepio Geral – que já apresentaram resultados do primeiro semestre, têm no final de junho um stock de imóveis, essencialmente recebidos por recuperação de créditos, no total (em termos brutos, ou seja sem contar com as imparidades) de 6.725,4 milhões de euros.

A banca tem vindo a vender esses imóveis e nalguns casos as mais valias (calculadas face ao valor líquido de imparidades) são até significativas. Mas a verdade é que a crise soberana que provocou o resgate do país e as inevitáveis consequências ao nível da austeridade deixaram marcas também nos Balanços dos bancos.

Numa altura em que os bancos estão a melhorar a qualidade da carteira de crédito, o stock de imóveis ainda é pesado.

O Jornal Económico comparou os resultados dos bancos (veja amanhã na edição digital da manhã) e verificou que o campeão dos imóveis por dação em incumprimento é… o Novo Banco.

O banco liderado por António Ramalho tinha em junho imóveis no balanço no valor líquido de 2.350 milhões de euros, valor que tem estabilizado face ao fim do ano. O banco constituiu imparidades e provisões para imóveis e equipamentos no montante de 23,4 milhões, ainda assim menos 81,0% do que os  123,5 milhões em junho de 2016. Somando as duas rubricas dá um valor de imóveis bruto (para ser comparável com os seus pares) de 2.373,4 milhões de euros.

A banca está aliás a beneficiar da retoma do setor imobiliário e da respetiva valorização dos imóveis, o que explica o aumento de vendas no semestre e a descida das imparidades para imóveis. Por outro lado as imparidades para crédito estão também em rota descendente no setor.

O Novo Banco vendeu este semestre 300 milhões de euros em imóveis.

O segundo maior banco em termos de “parque imobiliário”, é o BCP com cerca de 1,8 mil milhões de euros de imóveis em stock (liquido fica em pouco mais de 1,6 mil milhões de euros). O valor bruto de 1.825 milhões de euros subiu face aos 1.583 milhões de euros em junho de 2016. Neste semestre o banco registou 196 milhões de imparidades para estes imóveis.

O BCP vendeu no semestre 1.615 imóveis por 165 milhões de euros. O que se traduziu numa subida de 65,1% face ao valor das vendas no primeiro semestre de 2016 e numa mais-valia de 17 milhões de euros face ao valor contabilístico.

Mas não é só em imóveis que a banca está exposta ao setor imobiliário. A exposição também se regista pelas participações em Fundos de Reestruturação.

O BCP tinha em junho 1.068 milhões de euros de valor em balanço das participações em Fundos de Reestruturação Empresarial.

As imparidades totais para crédito e Fundos de Reestruturação somaram 938 milhões o que significa uma cobertura de 47%.

O Montepio Geral é o terceiro banco com mais imóveis em balanço. Segundo o Jornal Económico apurou o banco tinha em balanço em junho cerca de 1,4 mil milhões de euros de imóveis para vender (recebidos por incumprimento de créditos na sua maioria). No semestre venderam cerca de 100 milhões e isso foi mais 30% do que no ano passado. Mas esses números não vêm divulgados na apresentação de resultados do banco à CMVM.

A CGD surge em quarto lugar com um “parque imobiliário involuntário” de 1.087 milhões de euros imóveis. O banco liderado por Paulo Macedo vendeu 25 milhões de euros no semestre, mas o administrador financeiro na apresentação de resultados disse que o processo estava agora a acelerar, o que se deverá refletir nos números dos próximos trimestres.

A CGD não divulgou o valor das imparidades para estes imóveis, mas a rubrica ‘imparidades para outros ativos’ foi de 343,7 milhões de euros (+21,6%), mas destas 322 milhões são resultado da reestruturação e alienação de atividades internacionais.

O BPI é como já tradição o banco com menos pesos desses ativos. Os imóveis detidos por recuperações de crédito têm uma expressão reduzida no BPI. O valor de imóveis em stock é de 102 milhões, mas como foram constituídas imparidades de 22 milhões, o valor líquido é de 80 milhões.

O novo presidente do BPI anunciou que o banco registou no semestre 280 saídas de imóveis, 127 entradas de novos imóveis no semestre, deixando o banco com 1.013 imóveis em balanço. As vendas dos 280 imóveis no semestre por 40 milhões de euros tiveram um impacto positivo no resultado antes de impostos do BPI de 7.9 milhões de euros.

Em termos de exposição líquida de imparidades a Fundos de Reestruturação ou a Fundos de Recuperação é de 61,3 milhões de euros.

O Banco Santander Totta só apresenta os seus resultados na próxima semana, razão pela qual não está na comparação.

 

 

 

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