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Bancos mutualistas europeus em contactos com o Montepio

A CMVM ainda não deu o registo à operação de troca do Montepio Geral que permita passagem a sociedade anónima.
25 Junho 2017, 16h50

Tem havido contactos com bancos mutualistas internacionais com vista à entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral, soube o Jornal Económico.

Em causa a possibilidade de estender a parceria na Arise – holding que inclui o Montepio, a par com os fundadores holandeses Rabobank e FMO e ainda o fundo norueguês Norfund para gerirem subsidiárias Africa – ao banco em Portugal.

O facto de os bancos mutualistas se terem entendido na gestão dos activos africanos (as participações da Caixa Económica de 45,78% do moçambicano Banco Terra e de 51% no Finibanco Angola foram integradas nessa holding) é um precedente positivo para um futuro entendimento para uma parceria nacional.

A necessidade de encontrar acionistas privados para o banco liderado por José Félix Morgado continua. Os estatutos do banco Montepio limitam a participação acionista a entidades da economia social. O que explica que os contatos estejam a ser feitos com bancos mutulistas. Os maiores da Europa são o holandês Rabobank ou o francês Crédit Agrícole. Se bem que este último não teve uma experiência muito positiva no seu investimento na banca portuguesa, pois como se sabe era um acionista de referência do BES.

Vice-Provedor da SCML lidera dossier

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa mantém-se candidata à compra de uma posição minoritária, com outras misericórdias, no Montepio. O Jornal Económico sabe que as conversas têm sido conduzidas pelo vice-Provedor Edmundo Martinho.

O Expresso dizia que a Fundação Millennium bcp estaria entre os candidatos a acionistas do Montepio e que vários os bancos pediram informações sobre o Montepio ao Banco de Portugal, tendo Santana Lopes sido abordado por responsáveis de outros bancos, informando que serão o Plano B caso a Santa Casa não avance.

Mas ao Jornal Económico fonte do banco desmente que isso esteja em estudo, ou mesmo que tenha sido proposto.

A Santa Casa já admitiu que, como entidade do terceiro setor, tem obrigação de estudar a proposta, que vem das autoridades (Governo, presidente da República e supervisor). Mas “só entramos se for um projecto que envolva a generalidade do terceiro setor”, disse o Provedor. Em causa está uma participação conjunta (SCML e outras entidades da economia social) em 10% do Montepio Geral.

CMVM ainda não deu luz verde ao prospecto de troca

Ainda não foi aprovado pela CMVM o prospecto da oferta pública de troca das actuais unidades de participação de um Fundo de Participação do Montepio, em ações. Pelo que o banco ainda não pode passar a Sociedade Anónima.

O processo de conversão das unidades de participação em ações vai decorrer ao mesmo tempo que se transforma o banco liderado por José Félix Morgado numa sociedade anónima — tem de ser feita a alteração do registo comercial da entidade. Esta alteração, imposta pelo Banco de Portugal, é essencial para a entrada de acionistas no capital da Caixa Económica.

O pedido de registo da oferta pública de troca, bem como o prospecto da oferta, deram entrada no fim de maio na CMVM, mas pedidos de informações adicionais sucessivos e esclarecimentos pedidos, relacionados com riscos e mudanças acionistas, têm atrasado o processo, soube o Jornal Económico.

Uma vez que a Associação Mutualista tem 285 milhões de unidades de participação (UP) de um fundo que participa no Montepio e 115 milhões estão dispersos em bolsa, na passagem a Sociedade Anónima, a Associação fica com 94,7% e os outros investidores ficam com 5,3%. Como a conversão das UP cotadas é de um para um, 115 milhões são 5,3% das ações do banco.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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