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Boris Johnson arrasa Brexit proposto por Theresa May

Perante uma sala que o aplaudiu como ainda não tinha feito a ninguém, o antigo ministro posicionou-se definitivamente como um forte candidato à sucessão da atual primeira-ministra.
3 Outubro 2018, 07h15

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico Boris Johnson atacou frontal e impiedosamente o chamado plano Checkers da Theresa May para o Brexit, não só assumindo a rutura com a primeira-ministra de um governo de que fez parte, mas também posicionando-se como um possível candidato à sua substituição na liderança do Partido Conservador.

Num discurso totalmente destinado aos ultra do partido – reunido em convenção anual em Birmingham – Johnson optou por ser o mais conservador dos conservadores: apelou aos valores da nação e afirmou que os únicos vencedores de um Brexit ao estilo Chequers seriam a extrema-direita e a extrema-esquerda.

“Se errarmos, se continuarmos com essa solução antidemocrática, se permanecermos no meio termo, meio fora meio dentro, nunca nos perdoarão”, disse. Johnson pediu ao partido que pressionasse a primeira-ministra para que abandonasse o seu plano e voltasse às suas propostas originais, embora isso significasse rasgar tudo o que havia sido acordado com Bruxelas até agora.

O ex-ministro pretendeu também desencorajar a hipótese de um segundo referendo – que os trabalhistas defendem e que também tem adeptos junto dos conservadores. “As pessoas veriam que simplesmente seriam solicitadas a votar novamente até que dessem a resposta que ‘eles’ querem”, disse.

Segundo a imprensa no local, Johnson recebeu uma receção arrebatadora e não antes vista no enclave. Mas Theresa May afirmou que não assistiu ao discurso, preferindo conversar fora da sala. À BBC, May disse que “Boris faz sempre um bom show”, mas observou que ele era “uma parte fundamental” das discussões que terminaram no plano acordado em julho.

Segundo os analistas, ficou claro que Johnsom e May são duas partes cada vez mais inconciliáveis do mesmo partido e que o antigo ministro se posicionou como um forte candidato à sucessão a atual primeira-ministra.

Surge como cada vez mais provável que – principalmente se o Brexit não correr bem para os britânicos – Theresa May pode deixar de ter condições de se manter no cargo depois de março do próximo ano. E o partido há já uns meses que anda a fazer essas contas.

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