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Brexit: afinal pode haver um plano B se o acordo for chumbado no Reino Unido

Os jornais britânicos dizem que os 27 poderão suavizar algumas das consequência de um Brexit sem acordo, se isso for do interesse do agregado. No Reino Unido, cresce a esperança na EFTA.
  • Reuters
29 Novembro 2018, 07h31

Theresa May pode ter de retardar a sua ida à próxima cimeira do Conselho Europeu marcada para 13 de dezembro se o Parlamento britânico não aprovar o seu acordo Brexit (a 11 de dezembro) – como tudo indica que acontecerá – para permitir que os 27 líderes da União tomem decisões que, por interesse do agregado, possam mitigar alguns dos piores impactos que podem suceder no Reino Unido.

Segundo as mesmas fontes, mitigar alguns dos piores impactos do Brexit sem acordo seria do interesse dos restantes países da União, na circunstância em que o caos no comércio com o mercado britânico interessa muito pouco a um número não negligenciável de empresas do agregado. Ou, dito de outra forma: se os interesses da União forem no sentido de alguma suavização da posição comum, isso poderá ter lugar.

De qualquer modo, a imprensa britânica chama a atenção para ao evidência de que a versão oficial é que, uma vez recusado o acordo pelo Parlamento britânico, o Brexit será inevitavelmente cumprido sem acordo, com todas as consequência daí decorrentes.

Entretanto, no Reino Unido, segundo o jornal ‘The Guardian’ está a crescer a convicção, que já não é nova, de que, uma vez fora da União Europeia, o país poderá regressar à condição de membro da Área Económica Europeia (EEA) e da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) – algo como o que se passa com a Noruega.

Bruxelas poderia estar disponível para esta solução, diz o mesmo jornal, citando fontes comunitárias. Mas os termos da adesão do Reino Unido à EEA, mantendo o acesso irrestrito ao mercado único e a união aduaneira, teriam de ser negociados durante o período de transição.

“Estamos prontos para vários níveis de direitos e obrigações, mas é claro que a EEA significa livre circulação de mão-de-obra”, recorda uma fonte contactada, o que, a acrescentar a outras obrigações, nunca poderia ser negociado com o Reino Unido antes da retirada.

Numa uma entrevista esta quarta-feira, a primeira-ministra norueguesa, a conservadora Erna Solberg, disse sobre esse cenário que “se é isso que o Reino Unido realmente quer, encontraremos soluções no futuro. Encontrar um bom acordo é importante para todos os países europeus e espero que possamos ver um acordo ordenado, que não perturbe os assuntos económicos na Europa.

Esta saída ‘airosa’ da crise que se antecipa já foi anteriormente auscultada, quando Theresa May esteve no Conselho Nórdico do final de outubro, em Oslo, capital da Noruega

 

Esta foi, segundo a comunicação social do país, a mensagem que os britânicos absorveram depois de Theresa May ter proferido, esta terça-feira, o discurso inaugural do Conselho Nórdico, um encontro anual dos primeiros-ministros da Islândia, Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, e de representantes dos líderes das regiões autónomas da Gronelândia, Ilhas Faroé e arquipélago de Åland, que decorrerá até esta quinta-feira em Oslo, a capital norueguesa.

”Mesmo que o Reino Unido deixe a União Europeia, não sai da Europa e continuará a ser um forte aliado dos nórdicos”, afirmou o presidente do Conselho Nórdico, o conservador Michael Tetzschner, na altura, antes de passar a palavra a Theresa May.

A primeira-ministra britânica quis deixar claro perante quase 200 pessoas que as relações entre o Reino Unido e os países nórdicos são “excelentes” há mais de 1.500 anos. May pediu que as relações entre Londres e as capitais nórdicas fossem “para o nível seguinte”, nomeadamente em áreas o comércio e a segurança – algumas daquelas que o Brexit deixará os britânicos em dificuldade.

Pertencer à EFTA – como a Noruega, a Suíça, a Islândia e o Liechtenstein, atuais membros que não pertencem à União Europeia – permitiria ao Reino Unido manter relações comerciais semelhante com os 27 países do Mercado Único, mas sem ter de responder às exigências de Bruxelas. Londres pertenceu até 1972 à EFTA, de onde teve de sair quando entrou na Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1973 – tal como fez Portugal em 1986.

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