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Cabo Verde precisa de 5 mil milhões de euros de investimentos em 10 anos

“O nosso país tem, neste momento, uma dívida pública considerada como sendo uma elevada, uma situação que limita novos investimentos”, começou por dizer o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças cabo-verdiano.
2 Junho 2021, 19h15

O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, disse esta quarta-feira que nos próximos 10 anos o país precisa de 5.000 milhões de euros de investimentos estratégicos para poder reestruturar a dívida pública, esperando contar com os parceiros bilaterais.

“O nosso país tem, neste momento, uma Dívida Pública (DP) considerada como sendo uma elevada, uma situação que limita novos investimentos”, começou por dizer o também ministro das Finanças, ao intervir, na cidade da Praia, na abertura de um workshop sobre a reestruturação da dívida pública em capital de natureza climático.

Segundo o governante, o país precisa, nos próximos 10 anos, de investir quase cinco mil milhões de euros.

“E se não encontrar espaço ao nível do Orçamento e não encontrar uma solução para a DP atual, dificilmente o país conseguirá fazer investimentos nos mais diversos setores e áreas que são críticas e que são fundamentais para o seu desenvolvimento”, alertou.

Para Olavo Correia, a conversão da dívida pública em investimentos estratégicos é de “capital importância e muito urgente” para Cabo Verde, estando também alinhada e ancorada a objetivos em matéria de proteção da natureza e do clima.

“Cabo Verde, enquanto um pequeno país insular, precisa cuidar, cada vez mais e melhor, do seu território. E é muito importante também que, nesta abordagem de reestruturação da DP, possamos também assumir compromissos em matéria da proteção da natureza e do clima”, prosseguiu.

O ministro disse que nos próximos tempos o Governo vai comunicar a sua estratégia e os montantes que irá colocar à discussão, quer com os parceiros multilaterais, como também com os parceiros bilaterais.

“Vai ser um pacote muito exigente e que deverá contar com o concurso e a abertura dos nossos parceiros”, pediu Olavo Correia, para quem há abertura para se negociar, sublinhando que é “um caminho que tem de ser percorrido e que leva tempo”.

O workshop teve por objetivo a assistência técnica aos governos de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Mauritânia e Senegal no apoio à identificação de acordos de reestruturação da dívida, sobretudo do endividamento público externo, que foi agravado por causa da pandemia da covid-19.

Foi organizado pela Associação de Defesa para o Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), em parceria com o Ministério das Finanças e o Instituto Internacional para o Ambiente e Desenvolvimento (IIED-sigla em inglês).

De acordo com dados do relatório síntese da execução orçamental até março, o ‘stock’ da dívida pública de Cabo Verde aumentou em março para mais de 264.477 milhões de escudos (2.393 milhões de euros), equivalente a 146,4% do Produto Interno Bruto (PIB) projetado para 2021, como consequência da pandemia.

Até março, a dívida pública contraída internamente valia o equivalente a 43,5% do PIB cabo-verdiano (31,8% em março de 2020), enquanto a dívida externa valia 102,9% (84% em 2020).

Há algum tempo que Cabo Verde pretende converter a sua dívida pública em investimentos estratégicos no arquipélago, tendo por exemplo Portugal manifestado essa disponibilidade negocial.

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