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Conheça as razões que levaram a DGS a recomendar a vacinação entre os 12 e os 15 anos

A nova recomendação surge na sequência de uma análise mais atenta aos dados de vacinação nestas faixas etárias específicas (12 a 15 anos) nos Estados Unidos e na União Europeia.
  • Hannah Beier/Reuters
10 Agosto 2021, 17h50

Após a incerteza de algumas semanas, a Direção-Geral da Saúde recomendou a vacinação de jovens entre os 12 e os 15 anos de idade. Primeiramente, a DGS tinha afirmado que só iria recomendar a vacinação destas faixas etárias a adolescentes que apresentassem condições preexistentes ou com prescrição médica.

O que mudou na posição da DGS?

A nova recomendação surge na sequência de uma análise mais atenta aos dados de vacinação nestas faixas etárias específicas (12 a 15 anos) nos Estados Unidos e na União Europeia. Desde o passado mês de maio que vários países já começaram a vacinação desta faixa etária, de forma a estender a imunidade e a proteger as crianças.

O que levou à mudança?

Os dados mostraram que, dos cerca de 15 milhões de adolescentes nestas faixas etárias que foram vacinados na UE e nos Estados Unidos, não se verificou um aumento do sinal de risco associado aos fármacos administrados.

Dos seis milhões de vacinas administradas em países europeus em jovens entre os 12 e os 15 anos “não tinham acrescentado um sinal de alerta àquilo que já sabíamos da possibilidade de haver miocardites e pericardites”, apontou a diretora-geral da saúde, Graça Freitas, esta terça-feira em conferência de imprensa.

Tenho de pedir prescrição médica?

Não. Essa foi a primeira recomendação da DGS antes de analisar cuidadosamente os dados.

Esta recomendação tem carácter universal, o que significa que podem ser agora administradas a jovens desde os 12 anos de idade. As vacinas estarão disponíveis para os adolescentes, desde que estejam acompanhados por progenitores ou tutores legais no momento da vacinação, não existindo então a necessidade de indicação médica.

Já existe data para o início do processo de vacinação?

Ainda não existe data. No entanto, o primeiro-ministro António Costa pretende que estes adolescentes estejam completamente vacinados até ao próximo dia 19 de setembro, uma data que deverá coincidir com a abertura do novo ano letivo.

A informação disponibilizada esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde foi a “decisão técnica” relativamente à vacinação destas faixas etárias para prevenir a contração da doença grave.

Ainda assim, durante a conferência de imprensa e antes da declaração do primeiro-ministro, Graça Freitas assumiu que “se não for exatamente antes do início do ano letivo, será nos dias a seguir”. “Se for mais uma semana ou menos uma semana, não terá um impacto negativo importante, vamos deixar agora as questões logísticas para fazerem o seu trabalho e se for possível antes do início do ano letivo será, se for possível só uns dias depois também será”, assegurou.

O que diz a task force?

task force admite que a vacinação destes jovens já se encontra a ser planeada, e que o agendamento será divulgado no seu tempo.

O coordenador da vacinação, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, já tinha alertado que seria necessário uma decisão breve por parte das autoridades de saúde, uma vez que o tempo se estava a “esgotar”.

“Nós estamos a acabar de vacinar jovens mais velhos do que dos 12 aos 15, mas mal acabemos de vacinar esses jovens é preciso vacinar, na minha modesta opinião, a faixa etária mais nova, o mais rapidamente possível, para retirar espaço de manobra ao vírus”, disse em entrevista à “Rádio Renascença”.

Por que razão devem as crianças ser vacinadas?

Presente na conferência de imprensa, Luís Graça, membro da Comissão Técnica de Vacinação Covid-19, apontou que o objetivo na vacinação destas faixas etárias é “reduzir a transmissão do vírus”, uma vez que os efeitos conhecidos da contração entre os 12 e os 15 anos se mostraram pouco graves. Assim, a vacinação permitirá ainda garantir o bem-estar deste grupo etário.

“O maior benefício que recebe [ao ser vacinado] é do seu bem-estar de saúde mental, social e educacional”, disse Luís Graça durante a sua intervenção na conferência de imprensa ao lado de Graça Freitas.

A Região Autónoma da Madeira decidiu vacinar antes da opinião da DGS. Porquê?

A Madeira decidiu iniciar a vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos no passado dia 31 de julho. O presidente do Governo Regional declarou estarem “a seguir as regras da Organização Mundial de Saúde e os passos que outros 15 países do Ocidente estão a trilhar”.

A decisão da Madeira surgiu duas semanas antes do parecer oficial da DGS, confrontando a recomendação de vacinar apenas crianças com comorbilidades.

O presidente do Governo Regional admitiu que os jovens deram “um sinal de maturidade” ao aderirem ao open day da vacinação contra a Covid-19. No dia 31 de julho foram administradas mais de 230 vacinadas antes da abertura oficial do programa, tendo sido vacinados mais de 1.200 jovens no dia em que a vacinação abriu.

Existem vacinas recomendadas para os jovens?

Sim, atualmente existem duas vacinas aprovadas para os jovens da faixa etária em análise.

A Agência Europeia de Medicamentos aprovou a vacina da Pfizer/BioNTech no passado mês de maio, considerando que a vacina é “eficaz” na prevenção da doença grave. A entidade europeia aprovou ainda a vacina desenvolvida pela Moderna no passado mês de julho para os jovens entre os 12 e os 15 anos, garantindo que esta é “altamente eficaz”.

Também os Estados Unidos começaram a vacinar crianças entre os 12 e os 15 anos no passado mês de maio com a vacina produzida pela Pfizer. Até 14 de julho, apena 25% dos jovens destas faixas etárias mostravam estar totalmente vacinados para a prevenção da Covid-19, a taxa mais reduzida em qualquer faixa etária no território.

Quais os países a vacinar crianças?

O Canadá e os Estados Unidos da América foram dos primeiros a avançar com a decisão de vacinar crianças para prevenir a doença mais grave causada pela Covid-19, tendo a vacina da Pfizer a primeira aprovada para o efeito. O Canadá iniciou a vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos no começo de maio e os EUA a meio desse mês.

Também Israel, um dos países mais avançados em termos de vacinação contra a Covid-19, começaram a vacinar estas faixas etárias em junho com a Pfizer/BioNTech. Aqui, as autoridades de saúde indicaram que o processo se iniciasse pelos jovens que integram grupos de risco. O Chile começou a vacinação das crianças a 21 de junho, tendo sido um dos países da América Latina que mais cedo começou a vacinar os jovens.

No território europeu, a Alemanha foi o primeiro país a avançar com a decisão, a 27 de maio. Os investigadores do Instituto Robert Koch recomendaram a imunização de adolescentes entre os 12 e os 17 anos com doenças preexistentes (comorbilidades) e não optando por dar a vacina a todos.

França optou por administrar a vacina de forma universal, tendo anunciado a decisão a 31 de maio e começado o processo a 15 de junho. Itália também avançou com a vacinação dos jovens em junho, optando por vacinar todos os adolescentes.

O Reino Unido, um dos países europeus mais à frente na vacinação, aprovou a vacina da Pfizer para jovens entre os 12 e os 15 anos após realizar várias análises de segurança, qualidade e eficácia. Também Espanha já anunciou a decisão de vacinar os jovens entre os 12 e os 17 anos, mas só o irá fazer duas semanas antes do início do período escolar, em setembro.

A Áustria quer vacinar as crianças destas faixas etárias até ao fim de agosto. A Suíça também já aprovou a vacinação, tendo iniciado o processo em julho. A Lituânia autorizou a vacinação em junho, já os estando a vacinar, um passo seguido pela Roménia. A Estónio vai seguir o exemplo de Espanha e só começar a vacinar os jovens a partir de setembro.

As Filipinas autorizaram a vacinação das crianças com comorbilidades associadas em maio, tendo sido um dos primeiros países a fazê-lo. A China aprovou o uso da sua vacina Coronavac em crianças acima dos três e até aos 17 anos. O Japão autorizou a vacina da Pfizer dos 12 aos 15 anos em maio.

A Singapura aprovou a vacinação acima dos 12 anos de idade quando o processo se iniciou. Também Hong Kong, a 3 de junho, decidiu alargar a vacinação a estas faixas etárias, enquanto o Dubai e os Emirados Árabes Unidos tomaram a decisão em maio.

Os Países Baixos começaram a vacinação dos jovens acima dos 12 anos no mês passado, iniciando o processo pelos adolescentes mais velhos. O país estima que a vacinação dos jovens entre os 12 e os 16 anos seja discutida com os pais. Na Suécia, as crianças dos 12 aos 16 anos só são elegíveis sob condições especiais, nomeadamente se pertencerem a um grupo de risco.

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