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Israel: novas anexações colocam em perigo o novo governo

Depois das enormes dificuldades em chegarem a acordo, Netanyahu e Gantz não parecem entender-se sobre as novas anexações, prevista para a partir de amanhã. Entretanto parte da comunidade internacional, UE incluída, pedem a Netanyahu que pare.
  • Atef Safadi/Reuters
30 Junho 2020, 07h15

A um dia da data prevista para Israel anexar novos territórios palestinianos, o processo continua a colocar em causa a frágil e para muitos contra-natura coligação entre Benjamin Netanyahu e Benjamin Gantz: é que o primeiro-ministro alternativo, como alguns comentadores chamam a Gantz, afirma que a data prevista para um ato que a maioria do ocidente repudia, 1 de julho, é meramente indicativa.

Benny Gantz, sugeriu que a anexação teria que esperar enquanto o país lidasse com a crise de coronavírus. Gantz disse a um enviado da Casa Branca, Avi Berkowitz – que está em Israel para negociações sobre o assunto – que o prazo de 1 de julho não era “sagrado” nem urgente no meio da crise do coronavírus.

As declarações levaram Netanyahu a dizer numa reunião privada do Likud, o seu partido, que a questão “não estava acordada” com o partido Azul e Branco de Gantz e que os contatos “discretos” com os Estados Unidos, continuavam.

OS desentendimentos entre os dois políticos israelitas corre numa altura em que surgem na comunicação social relatos de uma reunião entre Yossi Cohen, chefe da Mossad (a inteligentzia israelita) e o rei Abdullah da Jordânia, sugerindo que Israel pode ter reduzido os planos de anexar todo o vale do Jordão e até 30% da Cisjordânia, a favor da soberania simbólica sobre um punhado de blocos de colonatos perto de Jerusalém.

Mas tanto a Jordânia quanto a liderança palestiniana, apoiadas pelos principais países da União Europeia e pelos Estados do Golfo, deixaram claro que consideram ilegal qualquer movimento rumo à anexação unilateral, por menor que seja, com a Jordânia ameaçando rasgar o tratado de paz de 1994 com Israel.

A principal autoridade da ONU na área dos direitos humanos, Michelle Bachelet, na que a “anexação é ilegal, ponto”. “Estou profundamente preocupada com o facto de que mesmo a forma mais minimalista de anexação levaria ao aumento da violência e à perda de vidas, à medida que as paredes são erguidas e as forças de segurança são acionadas“.

O secretário-geral da ONU, a União Europeia em geral e a Alemanha em particular e os principais países árabes alertaram para que a anexação violaria o direito internacional e destruiria todas as esperanças de estabelecimento de um Estado palestiniano viável ao lado de Israel. Ora, isso é precisamente o plano de Netanyahu há muitos anos.

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