Juncker e Boris Johnson tentam hoje uma aproximação de posições

O ainda presidente da Comissão Europeia em funções, Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, almoçam hoje juntos no Luxemburgo, na tentativa, mais uma, de aproximação de posições entre os dois lados do Brexit – o que até agora não foi conseguido.

Para aperitivo, Juncker e Johnson já têm um novo desentendimento para dirimir: o primeiro-ministro disse este fim-de-semana que as negociações do Brexit tinham progredido muito, coisa que foi imediatamente desmentida por diversas fontes da União Europeia.

Johnson disse ao jornal ‘Daily Mail’ que havia “verdadeiros sinais de movimento” em Berlim, Paris e Dublin e que “um grande progresso está a ser feito”, mas autoridades da União envolvidas nas negociações com o enviado de Johnson, David Frost, rejeitaram o otimismo: “não, na verdade as pessoas estão um pouco consternadas”, disse uma fonte da União, descrevendo o clima após as últimas negociações.

“Eu nem posso chamar o que aconteceu de negociações – a última sessão de sexta-feira começou a tocar no assunto [do backstop] – e isso é realmente um grande avanço… mas ainda deveríamos estar a trabalhar, o [resultado final] ainda está muito longe”.

A reunião de almoço com Juncker acontece 26 dias depois de Johnson se ter encontrado com a chaceler alemã Angela Merkel em Berlim, onde ficou acordado que o Reino Unido tinha 30 dias para convencer a União de que havia uma alternativa viável ao backstop.

O encontro em Berlim, seguido de outros em Paris (com Emmanuel Macro) e em Biarritz por ocasião do G7, gerou esperanças de que o primeiro-ministro estivesse a levar a sério o acordo, mas o otimismo em Bruxelas rapidamente se dissipou, depois que Johnson ter suspenso o parlamento e intensificado a sua retórica em favor do não acordo.

De qualquer modo, esse, o backstop, será o prato forte do almoço entre ambos – mesmo que, do lado da União, não haja qualquer perspetiva de entendimento. Juncker já repetiu várias vezes que um Brexit sem acordo levaria anos a ser resolvido. O menu tem por isso todos os ingredientes para resultar em mais uma indigestão, principalmente para o luxemburguês em final de mandato.