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António Mexia: “Limitar o aquecimento global tem de ser uma prioridade”

O presidente do grupo EDP, António Mexia, esteve esta semana na Cimeira do Clima nas Nações Unidas em Nova Iorque. A EDP juntou-se a 86 multinacionais para assinar um compromisso com o objetivo de reduzir emissões poluentes.
28 Setembro 2019, 13h00

Porque é que a EDP assinou o ‘Business Ambition for 1,5ºC – Our Only Future’?
Limitar o aquecimento global tem de ser uma prioridade da sociedade como um todo – instituições públicas e privadas. Cada um de nós. A EDP já tinha estabelecido uma meta de redução de emissões para cumprir os limites de aquecimento da temperatura em 2°C, mas reforça agora a ambição, ao assumir o compromisso de reduzir emissões de forma a garantir que este não excede 1,5° C. Há evidência científica que demonstra um mundo de diferença entre os 2ºC e os 1,5ºC. Não despertámos para este tema agora. Esta é uma preocupação da EDP há mais de uma década. Não só o desenvolvimento sustentável está incorporado na nossa estratégia, tal como apresentado ao mercado no plano estratégico até 2022, como estamos presentes desde 2008 no Dow Jones Sustainability Index (DJSI), tendo mesmo sido reconhecida, na última semana, como a empresa número um do mundo entre as utilities integradas.

A EDP já definiu o seu plano de ação para cumprir com as metas deste compromisso?
O setor da energia está a mudar rapidamente e todos os dias. Das várias mudanças que atravessamos, a aceleração da produção renovável e a aposta na eletrificação de outros setores da sociedade são peças fundamentais para a descarbonização e para garantir uma indispensável transição energética. Na EDP, estamos cientes do papel que teremos de desempenhar no esforço global para descarbonizar o mundo.

Comprometemo-nos e tencionamos cumprir as metas ambiciosas, destacando a prioridade de ter uma produção 90% renovável no final da próxima década e reduzir em 90% as emissões específicas de CO2, face a 2005. Vamos também trabalhar em parceria com os nossos clientes para ter em 2030 mais de 4 milhões de painéis solares fotovoltaicos instalados e um milhão de clientes com soluções de mobilidade elétrica.

Para a EDP, qual a importância da Cimeira do Clima?
Esta foi uma semana de trabalho intenso, em Nova Iorque, em que ficou claro que, hoje, o que falta são reformas políticas que permitam acelerar a descarbonização da economia. Não é um problema de falta de tecnologia ou de financiamento, mas sim da sua aplicação num contexto de “verdadeiro” green deal. Naquelas salas, ao contrário de anos anteriores, estavam presentes não só representantes de empresas com potencial de atuar para uma aceleração da descarbonização, mas também bancos, fundos de investimento e outras entidades de financiamento. Quer isto dizer que, hoje, o mercado de capitais, equity e dívida já incorpora a sustentabilidade e o processo de descarbonização como uma prioridade nas decisões de financiamento. O tema está lançado e ninguém pode ficar indiferente.

Como presidente do Conselho Administrativo do Sustainable Energy for All (SEforALL), qual a importância da energia sustentável nos países em desenvolvimento?
A descarbonização não pode ser dissociada da transição para uma economia eletrificada, com especial enfoque nos impactos sociais, culturais, políticos e económicos para os países em desenvolvimento. O acesso à energia continua a ser uma das maiores problemáticas do mundo atual, com mais de 840 milhões de pessoas ainda sem acesso a eletricidade, o que as coloca numa situação grave de exclusão. O acesso à eletricidade é uma alavanca central para o desenvolvimento à escala global, permitindo uma melhoria da geração de rendimentos, da produtividade, da saúde, do ensino, da segurança e da igualdade de género. A transição energética à escala global deve ser feita “sem deixar ninguém para trás”.

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