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Lisboa e Vale do Tejo, Algarve, Açores e Madeira com maior incidência na quarta vaga

A análise do INSA revela que se observaram dois “distintos padrões” ao longo da quarta vaga pandémica, onde primeiramente se verificou um crescimento mais precoce e posteriormente uma inversão da onda pandémica e com redução do número de casos.
  • Paulo Cunha/Lusa
27 Julho 2021, 11h04

O Algarve e as Regiões Autónomas são as regiões nacionais que têm apresentado uma incidência mais elevada em comparação com a segunda vaga da pandemia, registada no outono de 2020, revela Ana Paula Rodrigues, médica de Saúde Pública do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

O INSA analisou os dados do outono de 2020, quando se verificou a segunda vaga pandémica, e a atual, considerada a quarta onda, realizando uma comparação entre estes dois momentos.

“Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e as Regiões Autónomas têm tido uma incidência mais elevada nesta quarta onda, com destaque para o Algarve com incidência mais marcada”, disse Ana Paula Rodrigues na sua intervenção no Infarmed esta terça-feira.

“O Alentejo, o Centro e o Norte com um número de casos bastante mais reduzido que o observado no outono”, referiu a especialista em Saúde Pública.

A análise do INSA revela que se observaram dois “distintos padrões” ao longo da quarta vaga pandémica, onde primeiramente se verificou um crescimento mais precoce e posteriormente uma inversão da onda pandémica e com redução do número de casos.

A especialista do INSA alertou que a tendência “tem vindo a estabilizar”, com o risco de transmissibilidade a aproximar-se de um, revelando que o pico já terá passado. Ainda assim, o INSA admite que a “quarta onda tem a incidência mais elevada”.

Relativamente ao número de casos, Ana Paula Rodrigues admitiu que as faixas etárias acima dos 60 anos observaram um menor número de casos, com uma “magnitude diferente que o observado no outono”. De relembrar que o processo de vacinação se iniciou a 27 de dezembro de 2020 e que estas faixas etárias já se encontram praticamente vacinadas.

Por sua vez, o mesmo não se verifica entre os 20 e os 30 anos, observando-se uma “divergência da incidência”.

“Dos 29 aos 39 e dos 40 aos 49 anos vemos que, apesar das incidências serem semelhantes nas duas ondas, temos mais internados do que seria de esperar se o comportamento fosse o mesmo, o que pode justificar-se pela circulação da variante delta”, referiu a especialista.

Ana Paula Rodrigues notou que os grupos etários acima dos 50 anos apresentaram menos internados nesta vaga, evidenciando uma “pressão menor na saúde”. Assim, “o maior número de internamentos é na população adulta-jovem”, verificando-se um padrão semelhante nos cuidados intensivos, com maior incidência entre os 20 e os 49 anos.

A especialista em Saúde Pública revela que se tem verificado um menor internamento nos grupos etários mais velhos já vacinados, notando que “o maior número de mortes nas pessoas mais velhas foi em pessoas não vacinadas”.

Ana Paula Rodrigues assumiu que se espera um “aumento da letalidade” por Covid-19, e que Portugal já se encontra acima do limiar definido pelo ECDC, ainda que este crescimento “não venha a ter a magnitude que se observou em todas as situações passadas”, em parte parte devido ao avanço da cobertura vacinal.

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