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Livre considera “imperativo” transladação de Aristides de Sousa Mendes para Panteão Nacional

Esta é a primeira iniciativa parlamentar da deputada única do Livre, Joacine Katar-Moreira, e tem em vista enaltecer a “figura heroica” do português que “priorizou a consciência ética sobre os ditames da lei de um estado fascista”.
19 Novembro 2019, 13h13

O Livre apresentou esta segunda-feira um projeto de resolução que propõe a transladação do corpo de Aristides de Sousa Mendes para o Panteão Nacional. Esta é a primeira iniciativa parlamentar da deputada única do Livre, Joacine Katar-Moreira, e tem em vista enaltecer a “figura heroica” do português que “priorizou a consciência ética sobre os ditames da lei de um estado fascista”.

“Conceder a Aristides de Sousa Mendes honras do panteão é reconhecer oficialmente uma referência ética e cívica para todas e todos. É, pois, imperativo que o Estado Português reconheça Aristides de Sousa Mendes através da sua panteonização para que o possamos também reconhecer em cada um de nós”, lê-se no projeto de resolução entregue pelo Livre na Assembleia da República.

Joacine Katar-Moreira considera que Aristides de Sousa Mendes, “enquanto figura heroica da memória portuguesa, é património nacional” e um “legado ético” de todos os portugueses. A deputada única do Livre recorda que, ao priorizar a consciência ética, o reconhecido diplomata “salvou milhares de vidas da morte por decreto, da perseguição, e da cultura de violência do regime nazi”.

“Pagou, por isto, um preço elevadíssimo, tendo morrido [em 1954] na miséria. Uma injustiça só parcialmente retificada pelo estado democrático que, no art.º 21.º da Constituição da República Portuguesa, consagra o direito de resistência”, nota o Livre, lembrando que, após o seu regresso a Portugal, o então presidente do Conselho de Ministros António de Oliveira Salazar “diminui em metade o seu salário, antes mesmo de o reformar compulsivamente”.

Foi enterrado com uma túnica da Ordem Franciscana Secular no cemitério de Cabanas de Viriato.

A Aristides de Sousa Mendes foi-lhe atribuído, em 1966, o título de Justo entre as nações, no Memorial do Holocausto, em Jerusalém. Foi condecorado, em Portugal, a título póstumo, com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade, em 1986, e agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, em 1995. Já, em 1998, foi condecorado com a Cruz de Mérito e, em 2016, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

“É uma herança da sociedade civil e, sobretudo, um exemplo virtuoso para as gerações vindouras”, sublinha a Joacine Katar-Moreira.

A deputada pede, por isso, para que seja criado um grupo de trabalho para escolher “a data, definir e executar o programa de panteonização de Aristides de Sousa Mendes” para que Aristides de Sousa Mendes possa ser homenageado “enquanto homem que desafiou a ideologia fascista, evocando o seu exemplo na defesa dos valores da liberdade e dignidade da pessoa humana”.

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