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Lucros da banca disparam para 950 milhões no trimestre

O produto bancário composto pela margem financeira, comissões e resultados de operações financeiras explica a subida dos lucros da banca no primeiro trimestre do ano. Pode dizer-se mesmo que a receita da margem financeira deu um impulso à rentabilidade da banca portuguesa.
25 Maio 2023, 07h40

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia, com a edição impressa do Semanário NOVO.

Seis dos maiores bancos portugueses já apresentaram as suas contas do primeiro trimestre. A Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BCP, o Novobanco, o Santander Totta, o BPI e o Banco Montepio registaram, no seu conjunto, 954,3 milhões de lucros nos primeiros três meses do ano.

O que compara com lucros de 617,4 milhões de euros que os mesmos bancos registaram no período homólogo de 2022. Ou seja, num ano os lucros subiram 54,6%. O produto bancário composto pela margem financeira, comissões e resultados de operações financeiras explica a subida dos lucros da banca. Pode dizer-se mesmo que a receita da margem financeira deu um impulso à rentabilidade da banca portuguesa.

Basta ver o rácio que mede a rentabilidade dos capitais próprios dos seis bancos para ver que estão praticamente todos em mais de 10% (exceto o Banco Montepio, com 9,5%) e nalguns casos já em cerca de 20%. A campanha do Banco Central Europeu para elevar as taxas de juros enquanto luta para trazer a inflação para perto da meta de 2% tem sido uma bênção para os bancos da zona do euro e Portugal não é excepção.

A receita de margem financeira subiu 129,4% na CGD; 42,9% no BCP; 84,5% no Novobanco; 38,1% no Santander Totta; 79% no BPI e 70,40% no Montepio. O campeão dos lucros da banca é a CGD, com 285 milhões de euros (+95,70% do que um ano antes). A rentabilidade dos capitais próprios do banco liderado por Paulo Macedo fixou-se nos 13,1%. O BCP é o segundo com maiores lucros, ao ter reportado 215 milhões de euros, mais 90,5% do que no período homólogo. O ROE fixou-se em 17,7%, mas neste caso, tal como explicou o CEO do banco, Miguel Maya, o BCP só contabiliza os custos regulamentares (que inclui contribuições extraordinárias para o FdR) no segundo trimestre, razão pela qual o ROE é tão alto neste trimestre.

O Santander Totta surge em terceiro lugar, com lucros de 185,9 milhões (+19,60%). O Novobanco teve lucros de 148,4 milhões (+4,00%) e o BPI 84,7 milhões (mais 75,0%); enquanto o Banco Montepio teve lucros de 35,3 milhões (+209,60%). O Novobanco foi quem reportou a maior rentabilidade. O resultado antes de Impostos e de Interesses que não controlam sobre os Capitais Próprios médios fixou-se em 20,3%. Já o banco liderado por Pedro Castro e Almeida reportou uma rentabilidade dos capitais próprios de 19,70%. O Banco Montepio registou um ROE de 15,70% e o BPI reportou uma rentabilidade dos capitais próprios tangíveis de 9,5%.

Outro indicador que surpreendeu foi o rácio de capital core, o CET1. A CGD registou um rácio de CET1 de 19,50%, o que lhe permite o reembolso antecipado da recapitalização obtida em 2017. O rácio de CET1 do BPI é o segundo maior do sistema com 14,30%. Segue-se o Novobanco com um rácio de 14,10%; depois o BCP reportou um rácio de capital de 13,60%; o Banco Montepio também atingiu um rácio de capital core de 13,60%; e o Santander Totta reportou um rácio de capital CET1 de 13,50%. Outra tendência da atividade dos bancos no primeiro trimestre é a queda da carteira de crédito. A retração do crédito atravessou todos os bancos, exceto no BPI que registou uma subida da carteira de crédito a clientes de 4%. A maior queda foi no Banco Montepio (-2,30%); seguindo-se o Santander com uma queda no crédito a clientes (líquido) de 2,2%. Também a CGD assistiu a um recuo de -1,25% e o BCP viu o crédito cair 1,6%. Mas se a subida dos juros justifica a queda da procura de crédito, também do outro lado do balanço as notícias não são mais animadoras.

Os depósitos registaram também uma queda generalizada. A excepção foi o BCP onde os depósitos subiram 4,30%.

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