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Medidas do Governo? “As pessoas perdem, a banca ganha”, diz Mariana Mortágua

Mortágua insiste que as propostas do Executivo de António Costa não só “não resolvem estruturalmente qualquer problema”, como “criam novas dívidas, adiam problemas, comprometem dinheiro público, salvaguardando os lucros da banca”. 
  • Tiago Petinga/Lusa
21 Setembro 2023, 18h01

“As pessoas perdem, a banca ganha”. Foi esta a antítese utilizada pela coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) para resumir as medidas de apoio às famílias com crédito à habitação, apresentadas hoje pelo ministro das Finanças, e que, segundo a própria, não resolvem “estruturalmente qualquer problema”.

Em declarações aos jornalistas, Mariana Mortágua alertou que “as pessoas saem a perder nos juros bonificados, porque, na verdade, são todos os contribuintes que estão a ser convocados a pagar e subsidiar os lucros da banca”.

“É o dinheiro dos impostos que está a ser dirigido para continuar a subsidiar os lucros da banca: dois mil milhões de euros só no primeiro semestre de 2022”, recordou a líder bloquista, levantando uma questão que tem sido uma das principais lutas do partido.

BE considera lucros dos bancos escandalosos e exige medidas ao Governo

 

“Também a proposta de adiamento das prestações coloca um problema. Durante dois anos a prestação pode ser um pouco mais baixa; mas, na verdade, os devedores ao banco vão pagar toda essa dívida mais tarde, passados quatro anos. A taxa de juro pode ser igual, até pode ser superior à de hoje. E, para além da sua prestação habitual, os devedores da banca vão ter de pagar a sua prestação e toda a dívida que, entretanto, foi acumulada”, continuou.

A sucessora de Catarina Martins nos bloquistas entende que a proposta apresentada por Fernando Medina “não é uma solução”, mas sim “uma nova dívida sobre as famílias, que a única garantia que tem é que a banca vai continuar a lucrar, quer pela via de uma nova dívida contraída por quem tem um empréstimo à habitação, quer pela via dos impostos que são canalizados para pagar uma parte das prestações ao banco”.

Mortágua insiste que as propostas do Executivo de António Costa não só “não resolvem estruturalmente qualquer problema”, como “criam novas dívidas, adiam problemas, comprometem dinheiro público, salvaguardando os lucros da banca”.

A par da líder do BE, a generalidade dos partidos mostrou-se descontente com as medidas delineadas para mitigar o impacto da subida das taxas de juros nas prestações do crédito à habitação, que foram aprovadas esta quinta-feira em Conselho de Ministros.

Tal como o JE havia noticiado, a reunião de governantes oficializou a criação de um mecanismo para proporcionar estabilidade na prestação do crédito à habitação perante o aumento das taxas de juro, que passa por uma redução de 30% no indexante da taxa de juro durante dois anos.

Reduzir e estabilizar as prestações no crédito à habitação, reforçar a bonificação dos juros e prolongar a suspensão da comissão de reembolso antecipado são as medidas que estruturam o plano apresentado por Fernando Medina.

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Fora de Portugal continental, o BE pronunciou-se hoje sobre a política habitacional seguida pelo atual executivo da Madeira, que considera estar orientada para os milionários estrangeiros, esquecendo os madeirenses.

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