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Paulo Portas diz que “gostaria de fazer um esforço” para ser um dos ex-líderes do CDS-PP que “nunca saíram do partido”

Ex-líder centrista defendeu na TVI que Francisco Rodrigues dos Santos deveria contactar Nuno Melo e chegar a acordo para a realização de um congresso em que o vencedor assegurasse a integração de opositores nas listas de deputados. Mas deixou um alerta ao atual presidente: “Um líder de um partido democrático não cancela eleições internas pela simples razão de ficará sempre a dúvida se as cancelou por medo de as perder.”
  • Paulo Portas no Jornal das Oito da TVI
31 Outubro 2021, 22h03

Paulo Portas disse neste domingo que “gostaria de fazer um esforço” para continuar a ser um dos três ex-presidentes do CDS-PP que “nunca saíram do partido”, sendo os restantes Adriano Moreira e Assunção Cristas. “Por respeito às pessoas a quem pedi confiança e aos militantes que me ajudaram, farei tudo o que puder, incluindo pedir muita indulgência aos meus princípios democráticos, para conservar essa posição”, explicou, no seu espaço semanal de comentário na TVI, abordando a vaga de desfiliações de destacados militantes centristas desde que Francisco Rodrigues dos Santos viu aprovado em Conselho Nacional o adiamento do congresso marcado para 27 e 28 de novembro.

Defendendo que o atual presidente do CDS-PP “devia olhar bem para as circunstâncias”, pois “um líder de um partido democrático não cancela eleições internas pela simples razão de ficará sempre a dúvida se as cancelou por medo de as perder”, Paulo Portas aconselhou Francisco Rodrigues dos Santos a contactar o eurodeputado Nuno Melo, o outro candidato à liderança centrista.

Segundo Portas, os dois adversários deveriam chegar a um acordo para a realização do congresso do CDS-PP antes da data na qual o Presidente da República vier a marcar as eleições legislativas antecipadas, bem como regras de transparência eleitoral e “limites à animosidade nos discursos” que ambos teriam de cumprir. E ainda a aceitação do princípio de que “quem ganhar integra e quem perder respeita”, tal como o ex-líder centrista recordou ter feito após as disputas com Manuel Monteiro, Maria José Nogueira Pinto, José Ribeiro e Castro e Filipe Anacoreta Correia. “

“Se vai acontecer ou não, veremos. Era o que eu faria, com a autoridade de o ter feito”, disse o comentador da TVI, defendendo que os seus 16 anos à frente do CDS-PP – “tirei-o várias vezes do chão”, observou – ficaram marcados por “muito esforço, muita renúncia, muita paciência e muita integração” de adversários internos.

Em contraponto, Paulo Portas criticou a atuação dos atuais responsáveis pelo partido. “Vi o que vi, li o que li, e acho que a situação é com certeza grave”, realçando que “um partido pequeno se se dividir fica pequenino e se se voltar a dividir fica micro” e apontando casos em que considera que a saída de figuras destacadas foi desejada pela liderança de Francisco Rodrigues dos Santos.

“Fico muito impressionado quando um diretório fica contente com a saída daquele que é provavelmente o melhor gestor da sua geração, António Pires de Lima, ou quando fica contente – como quem diz “já nos livrámos dele’-  com a saída de Adolfo Mesquita Nunes, que é provavelmente uma das cabeças mais brilhantes do centro-direita em Portugal”, disse o comentador da TVI, apontando “um qualquer problema de bom-senso nesta forma de agir” igualmente patente quando “passam dois anos a tentar tirar do Parlamento uma das melhores deputadas da Assembleia da República, que se chama Cecília Meireles”.

Esperança de acordo entre Rio e Rangel

Sobre o calendário eleitoral, Paulo Portas defendeu que 30 de janeiro seria a melhor escolha do Presidente da República “do ponto de vista da qualidade democrática”, na medida em que possibilitaria a realização de todos os debates eleitorais entre líderes partidários, com a campanha a iniciar-se a 16 de janeiro, o limite para formalizar coligações pré-eleitorais a 19 de dezembro e a apresentação de listas de deputados a 20 de dezembro.

O comentador realçou que muito diferente seria a data de 16 de janeiro – descartando à partida 9 de janeiro por levar a que a campanha eleitoral arrancasse logo após o Natal -, visto que em caso de vitória de Paulo Rangel nas eleições diretas do PSD, marcadas para 4 de dezembro, este teria apenas dois dias para fazer listas de deputados.

“Porque é que António Costa e Rui Rio querem as eleições no mesmo dia? Costa prefere disputar as legislativas com Rio à frente do PSD. Ninguém tem dúvidas disso. E Rio quer arranjar um enorme dilema prático a Rangel”, defendeu Portas, dizendo esperar que Rio e Rangel cheguem a acordo para o vencedor das diretas sociais-democratas fique com a incumbência de elaborar as listas do partido para as legislativas.

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