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“Percebi que lidava com dois Governos”: Ex-presidente da CIP recorda Governo de Passos e Portas

António Saraiva revisitou o Governo que estava sob a tutela da “troika” e revelou as dificuldades de coabitação entre PSD e CDS. Ao ponto de existirem autênticos Conselhos de Ministros só com secretários de Estado e ministros do CDS-PP.
18 Abril 2024, 20h36

A lidação com o Governo encabeçado por Pedro Passos Coelho, e que geriu os destinos do país entre 2011 e 2014, foi recordada por António Saraiva, ex-presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, como uma experiência à relação com dois Governos autónomos.

Em declarações ao podcast do JE “A Arte do Possível” (cujo novo episódio será publicado esta sexta-feira), o atual presidente da Cruz Vermelha recorda alguns episódios que marcaram esse Governo cuja ação foi pautada pela presença da “troika”: “Quando lidei com este Governo, percebi perfeitamente que estava a lidar com dois Governos”.

Cócegas fiscais e memórias da troika. Ouça “A Arte do Possível”

“Uma das vezes que fui ao Palácio das Necessidades com Paulo Portas, então ministro dos Negócios Estrangeiros, no final do almoço ele pediu-me para ir à sala ao lado onde estavam uma série de pessoas amigas. Ali encontrei os ministros e os secretários de Estado do CDS-PP que integravam o elenco governativo. Era uma espécie de Conselho de Ministros do CDS-PP”, referiu António Saraiva.

O então presidente da CIP referiu ainda que “quando o secretário de Estado era do CDS-PP e o ministro era do PSD as decisões eram complicadas porque havia ali perdas de tempo porque cada um desses responsáveis tinham que ir aconselhar-se com os seus líderes. Foi de facto um tempo em que, quem lidava mais diretamente com o Governo, constatava esta realidade”.

Esta semana, em entrevista à “Rádio Observador”, Pedro Passos Coelho recordou o primeiro Governo que liderou e a difícil relação com a “troika”, referindo que as três entidades que compunham esse grupo de trabalho consideravam que Paulo Portas não era de confiança.

“Para impedir uma humilhação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, obriguei o ministro das Finanças a assinar comigo e com ele a carta para as instituições. Assinámos os três mas o que a troika exigia era uma carta dele porque não confiava nele”, referiu ao “Observador”.

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