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‘Portugal Renewable Summit 2018’: que energias renováveis teremos em Portugal em 2050?

Num painel dedicado às renováveis em 2030-2050, os representantes políticos discutiram a necessidade de estabilidade da política energética.
  • Cristina Bernardo
10 Outubro 2018, 07h15

Os representantes dos maiores partidos com assento parlamentar reuniram-se esta terça-feira para discutir o futuro das energias renováveis, a propósito da conferência “Mercado e Renováveis: Portugal Renewable Summit 2018”.

A conferência anual organizada pela Associação de Energias Renováveis (APREN), por ocasião do seu 30º aniversário, analisou as tendências europeias do mercado energético e a evolução do novo paradigma.

Num painel dedicado às renováveis em 2030-2050, os representantes políticos discutiram a necessidade de estabilidade da política energética. Entre o deputado do PS Hugo Costa, o vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro, e o vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, a posição foi unânime: é necessário que a aposta na energia renovável seja de continuidade.

O deputado socialista Hugo Costa defendeu que a meta para 2050 deve ser ambiciosa e “clara”. Salientou que “foi feito um trabalho de redução da dívida tarifária”, mas reconhecer a importância de “reduzir custos”, ainda que “com estabilidade”.

“A nível de eficiência energética ainda existe muito a fazer”, acrescentou.

Defendeu ainda o caminho das interligações energéticas entre Portugal e Espanha, considerando que os dois países “são uma ilha do ponto de vista eléctrico”, sendo “necessário rasgar este isolamento para o futuro”.

Já o vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro, considerou as “questões energéticas estruturais para o país”, apelando uma meta maior: “deveríamos ir mais longe na meta, deveríamos ser mais ousados e ter uma meta de 50% de energia renovável para 2030”.

Para Salvador Malheiro, “com um update da tecnologia conseguimos ter uma muito maior produção” e, neste sentido, defendeu uma aposta “a sério nas centrais de biomassa florestal”.

“Há que usar tecnologia eficiente, pensar em verdadeiras refinarias”, disse, acrescentando que “o papel do produtor-consumidor é algo que precisamos fomentar”.

“Cada um de nós tem que ter a liberdade de poder produzir a sua energia. Para além da descarbonização que tem quer ser um desígnio nacional, temos que apostar a sério na eficiência e por fim na economia. As renováveis têm um papel fundamental no desenvolvimento da economia”, disse.

O vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, defendeu que a descida do preço da energia apenas é viável através da liberalização do setor, “quer na produção, quer no retalho”. Para o centrista, não será possível “sem aumentar a concorrência e ter uma política de concorrência necessária”.

Apelou assim a formas de tornar o consumo mais inteligente e diversificar o negócio para termos outras fontes de financiamento para os sectores.

Por outro lado, o eurodeputado comunista João Ferreira apelou a um balanço sobre o que foi feito nos últimos anos e para o que se pretende para o futuro.

“Possuir recursos endógenos energéticos como Portugal possui é de uma importância estratégica, para criar condições para o exercício a nível de energia a um nível mais elevado”, considerou.

Para o representante comunista “o total da privatização do setor energético criou um contexto que subverteu a utilização das energias renováveis e até mesmo redundância de investimentos”, criticando o “monopólio controlado por capital estrangeiro”.

O deputado do Bloco de Esquerda (BE) Jorge Costa avaliou atualmente um parque eólico “como um centro de investimento financeiro”. “Se os fundos de investimento entram e saem a curto prazo, deixa de haver investimento no desenvolvimento”, disse, defendendo que o BE não vê a exportação da electricidade “como a principal das apostas”.

Defendeu ainda a necessidade de descentralizar as renováveis e repensar as redes de distribuição. “É necessário modernizar estas redes”, concluiu.

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