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Primeiro-ministro cabo-verdiano defende mercado único de transporte aéreo africano

“Acredito que com a criação da Zona de Comércio Livre e o Mercado Único de Transportes, enquadrados por ambientes de estabilidade política, instituições fortes e capital humano feliz e qualificado, a África acelerará o seu desenvolvimento”, afirmou Ulisses Correia e Silva.
12 Fevereiro 2019, 08h00

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, está na Etiópia para representar Cabo Verde na 32ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo da União Africana, que acontece desde domingo, em Adis Abeba.

No seu discurso, o chefe de executivo cabo-verdiano defendeu a criação de um mercado único de transporte aéreo africano. “O reforço significativo da conectividade é determinante para a aceleração do processo de desenvolvimento da África. Desenvolver as relações intra-africanas e com o mundo só é efetiva com boas conectividades a nível dos transportes, das telecomunicações e de TIC”, disse o primeiro-ministro cabo-verdiano.

Ulisses Correia e Silva entende que a mobilidade de pessoas, o comércio, o investimento, o turismo, o acesso a mercados, a circulação e partilha de conhecimento, da ciência, da tecnologia e da cultura, só se conseguem com boas conectividades, mas que isto não tem sido possível porque “África é não tem nenhum aeroporto na lista dos MegaHubs mundiais e é um continente com uma quota de mercado mundial de transportes aéreos muito fraca, cerca de 3%”.

O continente africano tem, no entanto, um mercado com potencial enorme, “por estas razões partilhamos o sentido de prioridade concedido pela UA ao Mercado Único de Transporte Aéreo Africano”, defendeu o governante.

“Acredito que com a criação da Zona de Comércio Livre e o Mercado Único de Transportes, enquadrados por ambientes de estabilidade política, instituições fortes e capital humano feliz e qualificado, a África acelerará o seu desenvolvimento”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

O primeiro-ministro anunciou, no seu discurso, que Cabo Verde tem em curso o processo de liberalização da sua zona de tráfico aéreo, de acordo com as recomendações da decisão de Yamoussoukroe lembrou que o país irá acolher, de 27 a 29 de março, a primeira conferência ministerial de turismo e transporte aéreo em África.

Alterações climáticas 

Também na sua intervenção, nessa sessão, o governante pediu que as especificidades dos pequenos países insulares sejam colocadas com maior determinação e visibilidade nas agendas africanas e internacionais. Isto porque estes países são muito mais vulneráveis aos problemas ambientais globais e às mudanças climáticas.

Ainda assim, estas nações contribuem muito pouco para o aquecimento global, mas pagam uma fatura muito grande e muito desproporcional, e enfrentam com maior frequência os fenómenos meteorológicos e climáticos extremos como furacões, inundações e secas e têm fraca capacidade de enfrentar e mitigar ou anular os seus efeitos.

Por estas razões, Ulisses Correia e Silva entende que os “os pequenos países insulares devem merecer proporcionalmente maior atenção, maior acesso às tecnologias e a recursos financeiros para investimentos estruturantes nas respetivas estratégias de resiliência e de adaptação às alterações climáticas e a choques externos”.

O chefe do Executivo cabo-verdiano falou no seu discurso do que chamou de “uma agenda robusta de resiliência” de Cabo Verde, que inclui desde mecanismos de alerta precoce passando por diversificação das formas de mobilização da água como a dessalinização das águas salobras e do mar e a reutilização segura das águas residuais na agricultura até a transição energética para as fontes renováveis, cuja meta é de 50% em 2030);

Ulisses Correia e Silva terminou a intervenção apelando ao engajamento dos Estados-membros com os problemas ligados às alterações climáticas, defendendo que o sucesso deste tema ”interpela todos os países do mundo, e é um desafio e uma ameaça que não deve deixar ninguém de fora” e que os pequenos países insulares devem trabalhar e atuar de forma conjunta e articulada na arena regional e internacional.

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