Foi apenas um telefonema, mas pode ter mudado o curso de muitas estratégias regionais e modificado – mais adiante se verá quanto – os equilíbrios necessariamente instáveis entre as forças que atuam diretamente no Médio Oriente e no difícil mundo que o rodeia: na semana passada, o presidente turco Recep Erdogan falou ao telefone com o seu homólogo iraniano, Hassan Rouhani. Assediado pelos Estados Unidos, informalmente abandonado pelos autoproclamados parceiros europeus e mantendo um ódio latente ao secular inimigo saudita, o Irão pode ter encontrado na Turquia o compagnon de route que lhe proporcionará a permanência numa posição de relevo em termos de potência regional e uma possível alavancagem para a recuperação da sua depauperada economia.
Interferindo em vários cenários ao mesmo tempo – no Nagorno-Karabakh, na Síria, na Líbia e até mesmo na Venezuela, enquanto mantém relações tensas com a Arábia Saudita e muito pouco amistosas com Israel – a Turquia teve estas duas últimas semanas um ‘presente’ inesperado: o presidente francês, Emmanuel Macron, dizendo-se farto do contrapoder que Erdogan exerce em regiões onde os gauleses também querem ter uma palavra a dizer (Líbia, Médio Oriente e Mediterrâneo Oriental), decidiu promover um plano de combate interno àquilo que apelidou de fundamentalismo islâmico – bem patente nos últimos acontecimentos em França, para desgraça do professor Samuel Paty, morto por mostrar um cartoon de Maomé aos seus alunos.
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