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Racismo marca eleições em Itália

Com a entrada de refugiados a fustigar o país nos últimos anos, o discurso xenófobo está a extremar posições. A imigração é o principal tema do país para mais de 70% dos italianos.
12 Fevereiro 2018, 07h00

Uma série de ocorrências racistas está a marcar o dia-a-dia de Itália – que em março se prepara para ir às urnas escolher um novo elenco parlamentar – e a deixar os responsáveis políticos do país preocupados com o rumo que o debate está a levar. Têm sido organizadas várias manifestações racistas que várias vezes têm redundado em violência – como foi o caso mais explícito de, na cidade de Macerata, um ex-candidato da Liga do Norte, de extrema-direita, ter disparado contra seis imigrantes africanos.

No meio da violência, Silvio Berlusconi apresenta como uma das suas iniciativas, se ganhar as eleições, a expulsão de 600 mil imigrantes alegadamente entrados de forma ilegal em Itália. Neste quadro, e de acordo com uma sondagem do jornal “La Repubblica”, 71% dos italianos acredita que a presença de estrangeiros no país é demasiado alta. Para 31%, a imigração é mesmo o principal problema de Itália e 64% pensa que a crise dos refugiados dos últimos anos foi muito mal gerida.

A questão da imigração está presente em todos os debates – sendo mesmo, segundo a imprensa italiana – a questão que tem demorado mais os intervenientes políticos e gerado as maiores discussões.

A Itália é de há muitos anos a esta parte – e juntamente com a Espanha – um dos países mais procurados pelos refugiados e imigrante africanos para entrarem na Europa. O problema cresceu com a violência na Síria e a Itália acabou por concluir com a Líbia um acordo segundo o qual aquele país africano reteria os imigrantes antes de eles embarcarem para a travessia do Mediterrâneo.

O acordo fez há alguns dias um ano, mas as ONG no terreno afirmam que, um ano depois, o problema é muito maior: há milhares de africanos acantonados em verdadeiros campos de concentração na Líbia, sem que tenham qualquer esperança de chegar à Europa e muito poucas hipóteses de regressarem aos seus próprios países.

O debate em torno da matéria está a extremar posições e os analistas temem que isso acabe por resultar na concentração de votos nos partidos mais à direita do espectro político italiano. Para já, contudo, isso parece ainda não estar a acontecer: as últimas sondagens indicam que o partido da oposição Movimento Cinco Estrelas (M5S), que não é de extrema-direita, está em primeiro lugar (27,5%), seguido do Partido Democrata (PD) de centro-esquerda, (24,3%) e do partido de centro-direita Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi (16,1%). A extrema-direita da Liga Norte, declaradamente anti-imigração, atingiu os 13,7%.

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