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Trump volta a enfrentar indústria automóvel norte-americana

A contestação às novas tarifas surge num momento em que os Estados Unidos e a China estão sentados à mesa das negociações. Um relatório ainda não divulgado do Departamento de Comércio pode ir de encontro à vontade do presidente.
21 Fevereiro 2019, 07h35

Os construtores de automóveis dos Estados Unidos estão a preparar-se para outra possível escalada da guerra de tarifas que o presidente Donald Trump lançou – numa altura em que as conversações com a China não saem do impasse e se aproxima o fim do período de suspensão das novas taxas aduaneiras entre os dois países (a 1 de março).

Se os piores cenários se confirmarem, o setor automóvel pode sair muito enfraquecido, dado que os custos de produção seriam largamente aumentados e consequentemente o valor acrescentado do negócio ressentir-se-ia – ou, alternativamente, os preços de venda disparariam. O primeiro sinal de que esse pode ser o caminho foi a decisão da GM, no ano passado, de fechar cinco fábricas no continente americano – algo que provocou a revolta de Trump.

No domingo, o Departamento de Comércio enviou à Casa Branca um relatório sobre os resultados de uma investigação ordenada por Trump sobre se os veículos e peças importadas representam uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos. A agência federal não divulgou publicamente as suas conclusões e a Casa Branca não comentou, até agora, os resultados da investigação.

Trump reiterou repetidamente o seu dever como presidente de salvaguardar a segurança nacional como justificação para impor as novas tarifas. Uma cláusula considerada por muitos obscura da lei comercial autoriza o presidente a impor tarifas ilimitadas sobre importações específicas se o Departamento de Comércio concluir que essas importações ameaçam a segurança nacional.

Independentemente do que o departamento tenha concluído neste caso, Trump deixou claro o seu entusiasmo por tarifas em geral e tarifas sobre automóveis em particulares – que podem também afetar países europeus, principalmente a Alemanha e a Itália. Alguns analistas dizem que é muito provável que o relatório tenha apoiado as tarifas.

Gestores da indústria automóvel participaram esta semana numa conference call para discutir os possíveis passos que Trump tomará, face ao eventual aumento fiscal de até 25% sobre peças importadas, veículos importados ou sobre veículos e peças, incluindo as do México e do Canadá. A última opção seria especialmente rara, já que os Estados Unidos, México e Canadá chegaram a um novo acordo de livre comércio no ano passado, aceite pelos três países.

Nas audiências públicas do ano passado, a ideia de impor novas taxas aduaneiras sobre os automóveis importados não obteve apoio da indústria. Mesmo as empresas norte-americanas que podiam beneficiar com elas, face aos seus concorrentes estrangeiros, opuseram-se – uma vez que temiam retaliações idênticas à entrada dos países para onde exportam.

Em relação às novas taxas sobre a importação de peças, por maioria de razão, a posição dos fabricantes norte-americanos foi a mesma.

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