O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, quer organizar uma cimeira entre a União Europeia e a Liga Árabe, na tentativa de envolver aquela organização no controlo do problema da imigração – o que pressupõe que alguma coisa seja feita a montante do problema: a criação de uma envolvente que desmotive a necessidade de as populações abandonarem as regiões onde nasceram ou sempre viveram.
Segundo fontes da Comissão Europeia citadas pelas agências noticiosas, a generalidade dos chefes de Estado e de governo dos países da União apoia a iniciativa de Tusk, que merece também o acordo da alta representante para a Política Externa da União Europeia, a italiana Federica Mogherini. A cimeira poderá realizar-se já em fevereiro do próximo ano – o que indica que a Liga Árabe já foi contactada e terá dado o seu acordo.
O tema da imigração estará no centro da cimeira informal de chefes de Estado de governo que decorrerá em Salzburg, Áustria, ao longo desta quinta-feira: o encontro tornou-se uma tentativa desesperada de virar a página sobre a crise de imigração e dos refugiados e de restaurar a unidade interna do agregado.
A divisão não podia ser mais clara: os primeiros-ministros húngaro (Viktor Orbán), italiano (Giuseppe Conte), polaco (Mateusz Morawiecki) e austríaco (Sebastian Kurz) estão de um lado da barricada – tentando por todos os meios estancar a entrada de imigrantes na Europa e impedindo a sua permanência nos seus próprios países – e do outro estão os restantes países do agregado, uns mais outros menos empenhados na questão.
“Vou pedir aos líderes europeus que ponham fim ao jogo de acusações mútuas sobre a questão da imigração”, anunciou o presidente do Conselho Europeu pouco antes do início da reunião. O jantar de quarta-feira foi dedicado em grande parte ao tema e as agências noticiosas afirmam que, no final, as divergências permanecem insuperáveis.
Era esperado: Sebastian Kurz criticou a Itália, a Espanha e a Grécia por se oporem à proposta da Comissão Europeia de criação de uma polícia de fronteira comum: “receio que muitos estejam a tentar evitar o alto número de registos de imigrantes que teriam que fazer”, disse.
O próprio Tusk também entrou no jogo das censuras: “não podemos permanecer divididos entre aqueles que querem resolver o problema dos fluxos de imigrantes ilegais e aqueles que querem usá-lo no seu jogo político”, disse o polaco, num claro ataque contra os governos do seu país, da Hungria e da Itália.
Mas quis também ser apaziguador: “apesar da retórica agressiva, as coisas estão a ir na direção certa”, disse Tusk, que lembrou que o número de chegadas irregulares passou de mais de dois milhões em 2015 para menos de 100 mil este ano.
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