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Donald Trump enfrenta hoje o desafio das intercalares, com os democratas destroçados

Trump praticamente não teve de se defender: a oposição ainda não se ‘levantou’ da derrota nas presidenciais e a conjuntura económica está a ajudar.
6 Novembro 2018, 09h30

O presidente norte-americano Donald Trump enfrenta as eleições intercalares para o Congresso, o Senado e alguns governos regionais com a certeza de que as sondagens lhe dão uma posição confortável, mas sempre tendo em vista o grau de surpresa em que o eleitorado por vezes decide apostar.

Mas há outra razão para Trump estar confiante num bom resultado: é que os democratas ainda não conseguiram organizar o partido depois da derrota de Hillary Clinton face a Trump, e há dois anos que não só não conseguem encontrar um líder que transmita alguma coerência ao interior do partido (ou, dito de outra forma: que tenha um mínimo de carisma), como não se decidem sobre o futuro que pretendem como partido.

Os democratas estão divididos entre o esquerdismo legado por Bernie Sandres – que perdeu as primárias democratas para Hillary Clinton – e o centrismo representado por Michael Bloomberg, o ex-prefeito republicano de Nova Iorque agora em versão democrata, que ‘ameaça’ ser tão disruptivo para o seu novo partido como foi Trump para os republicanos.

Trump tem ainda a seu favor a conjuntura económica – que lhe é favorável, apesar das ameaças que a deriva protecionista podem trazer num curto espaço de tempo – e o facto de ter conseguido centrar o debate eleitoral em temas que lhe são preciosos. As dezenas de intervenções do presidente Trump ao longo dos últimos dias centraram-se invariavelmente no tema da segurança e dos refugiados, que é não só percetível pelo eleitorado, como serve também para zurzir os democratas – nomeadamente a herança do seu antecessor, Barack Obama.

O ex-presidente, precisamente, também esteve bastante ativo nos últimos dias, desdobrando-se em declarações para que os democratas não optem por ficar em casa e vão votar nos seus candidatos. Obama tem sido muito parco em intervenções políticas – e principalmente tem mantido Trump fora do perímetro dos seus alvos, como se esse fosse um princípio dos ex-presidentes.

Entretanto, os analistas estão muito atentos ao magnata Michel Bloomberg, que ponderou apresentar-se como candidato independente nas duas últimas eleições presidenciais. Para já, recusa confirmar a sua intenção de se tornar candidato, mas também não nega quando isso lhe é solicitado.

Bloomberg passou anos dedicando parte da sua fortuna (avaliada em 46 mil milhões de dólares) a defender algumas das causas associadas com os democratas: controlo das armas, direitos de aborto, cuidados de saúde universal, meio ambiente. Nas circunstâncias atuais, muitos democratas estariam dispostos a aceitar a sua presença como candidato, numa tentativa de replicar o efeito Trump.

E isso permitiria, por outro lado, acabar com as públicas veleidades de Hillary Clinton de voltar a ser candidata pelos democratas, algo que uma parte do partido considera abaixo do grau zero político do partido. Mas, para já, hoje vota-se nas intercalares.

 

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