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Soleimani: o general que era quase tão popular como o presidente do Irão

Com a morte de Soleimani, que já fora apontado como possível sucessor do presidente iraniano Hassan Rohani, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, declarou três dias de luto nacional e prometeu vingar a morte do general iraniano.
3 Janeiro 2020, 13h45

Após um ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdade, no início da semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou a morte do comandante da força de elite iraniana Al-Quds, general Qassem Soleimani, que acabou por acontecer esta sexta-feira. A morte de Soleimani na sequência de um ataque aéreo contra o aeroporto de Bagdad, que também vitimou o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], está a gerar um clima de maior tensão entre norte-americanos e o Irão. Mas quem era este general iraniano, cuja morte já provou uma escalada de preços mercado petrolífero?

Qassem Soleimani era amplamente conhecido no Irão mas também em todo o Médio Oriente, onde a sua crescente influência levou os EUA a considerá-lo a ‘rainha negra’. Soleimani nasceu em 1957, em Rabor, uma das regiões mais pobres no leste do Irão, mas era hoje um conhecido “responsável pelas ascensão do Hezbollah no Líbano, pela resistência de Bashar al-Assad na guerra civil síria e um dos responsáveis pelo Iémen ser um incómodo para a Arábia Saudita”, de acordo com o jornal espanhol “El Economista”.

O percurso deste general político e militar começara ainda antes da queda da monarquia iraniana em 1979. Nesse ano, Soleimani já era um militante no governo do aiatolá Ruhollah Khomeini que se juntou à Guarda Revolucionária , a milícia encarregada de defender o então novo regime iraniano.

Nas décadas seguintes, combateu nas fileiras do regime, especializando-se em ‘furar’ linhas inimigas. Essa capacidade conduziu-o a posições oficiais e a uma posição destacada no confronto político, diplomático e militar entre o Irão e o Iraque, ajudando o corpo especial da Guarda Revolucionária do Irão, a Força Qods.

Quando o regime de Saddam Hussein caiu no Iraque, em 2003, após a segunda intervenção militar norte-americana nesse país, Soleimani  já era general no Irão. De acordo com o mesmo jornal espanhol “grande parte da responsabilidade de o Iraque ser uma confusão é de Soleimani”.

Desde 2019, que a a Guarda Revolucionária era considerada pelos EUA uma organização terrorista e, por isso, Qassem Soleimani foi considerado um alvo, sobretudo pelo interesse de Washington querer que o Irão abandone o propalado programa de fabrico de mísseis balísticos e nucleares. O general agora morto, enquanto um líder do Irão, não quis negociar.

Este general também teria ligações com grupos de curdos no Iraque e o facto de ter apoiado o Hezbollah no Líbano e o regime de Bashar al-Assad na Síria contra o Estado Islâmico, “minou os interesses dos EUA” no Médio Oriente. “Os seus movimentos diplomáticos foram fundamentais para coordenar a relação entre a Rússia e Síria”, aponta o “El Economista”.

Qassem Soleimani, com uma grande popularidade no Irão, devido à sua influência na região pela luta do Irão contra jihadistas sunitas, chegou a ser visto como um possível futuro presidente da República do Irão, cargo ocupado por Hassan Rohani desde 2013.

Com a morte de Soleimani, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, declarou três dias de luto nacional e prometeu vingar a morte do general iraniano.

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