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Novas regras europeias podem permitir uso de polímeros que prejudicam saúde pública

O EEB avisa que as exceções às verificações de segurança incluem poliestirenos, que já foram associados a inflamações dos pulmões de animais, acrilamidas, que são usadas no tratamento de águas residuais, bem como em adesivos e embalagens de alimentos, e toxinas utilizadas em têxteis que geram microplásticos.
21 Junho 2021, 10h44

A União Europeia vai debater esta semana as novas regras sobre os produtos químicos, e a preocupação dos cientistas do Gabinete Europeu do Ambiente (EEB, sigla inglesa) está virada para o facto que estas regras podem vir a permitir que os polímeros sejam usados sem testes adicionais, prejudicando a saúde pública da Europa, avança o “The Guardian”.

A maior rede de organizações ambientais da Europa garante que a iniciativa da UE para investigar as ameaças para o ambiente está a ser boicotada pela indústria, uma vez que 6% dos 200 mil polímetros exigem verificações de segurança sob as regras que vão ser debatidas.

O EEB avisa que as exceções às verificações de segurança incluem poliestirenos, que já foram associados a inflamações dos pulmões de animais, acrilamidas, que são usadas no tratamento de águas residuais, bem como em adesivos e embalagens de alimentos, e toxinas utilizadas em têxteis que geram microplásticos.

Assim, a organização acusa o lóbi industrial de estar a influenciar as decisões discutidas pela União Europeia, fazendo com que 94% dos polímetros (principal ingrediente de produtos como plástico ou tintas) fujam dos regulamentos.

“Apenas 12 mil (6%) de um total estimado de 200 mil polímeros no mercado terão de efetuar controlos de segurança, prevêem os peritos da Comissão. E a proposta de lei não exige que a indústria forneça informações básicas sobre a identidade ou quantidade de polímeros. Todos os polímeros produzidos em massa que estão a acumular-se no ambiente, tais como poliestireno, poliéster, polietileno e polipropileno, escaparão à supervisão, apesar dos seus riscos. Isto levou um grupo de 30 cientistas a avisar a Comissão Europeia de que todos os polímeros deveriam ser regulamentados”, escreve o EEB em comunicado.

No mesmo anúncio, a organização relembra que a lei europeia exige que a indústria comprove que os produtos químicos são seguros antes de serem colocados à venda, admitindo que os polímeros que agora querem aprovar também são substâncias químicas que colocam a saúde pública em risco.

“Estamos diariamente expostos à poluição de polímeros, pois são utilizados em plástico, têxteis, produtos de limpeza e até cosméticos. Costumávamos pensar na poluição do plástico como uma massa de lixo volumosa no ambiente. Agora sabemos que se desfaz numa vasta nuvem de micro e nanoplásticos contaminando a terra, a água e o ar, assim como aparecendo no nosso corpo”, alerta a especialista Dolores Romano em comunicado.

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